Plano de Bolsonaro para a Amazônia “começa pelo telhado”

Bolsonaro Amazônia

O título desta nota foi tomado emprestado do artigo de Eduardo Geraque para o Direto da Ciência: “Feito a toque de caixa depois do susto passado em Davos, na Suíça, o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro que cria o Conselho Nacional da Amazônia Legal tem diretrizes gerais importantes para o desenvolvimento sustentável da região, apesar de serem vagas e sem nenhum tipo de meta, seja de curto, médio ou longo prazo. Também não tem nenhuma menção às verbas necessárias para a iniciativa sair do papel.

Cláudio Maretti, vice-presidente da Comissão Mundial de Áreas Protegidas, desconfia que o conselho foi criado como uma cortina de fumaça, “por causa das reações internacionais, dos problemas no comércio, que quer garantias de que os produtos brasileiros não geram desmatamento”, segundo informa matéria d’O Globo.

Na mesma matéria, Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, alerta para o risco do conselho perder a efetividade por querer se isolar de outros atores importantes da Amazônia. Segundo ela, mesmo que se abram as ideias do conselho para debate externo, será difícil garantir que estados serão ouvidos para a formulação de políticas para a região: “Isso já está complicado porque, no caso da regularização fundiária, o governo já apresentou medida provisória (anistiando desmate ilegal e grilagem) e apresentou um projeto de lei para abrir Terras Indígenas à mineração (…) A gente não sabe em que medida o vice-presidente vai conseguir discutir, articular e interferir objetivamente nas propostas concretas que já estão aí.”

Em tempo1: perguntado sobre a nota do Greenpeace que criticou os detalhes divulgados sobre o conselho, Bolsonaro atacou: “Quem é Greenpeace? Quem é essa porcaria chamada Greenpeace? Isso é um lixo”. A nota da organização destacou que o Conselho da Amazônia não tem meta e nem orçamento: “Ele (o Conselho) não anulará a política antiambiental do governo e não tem por finalidade combater o desmatamento ou o crime ambiental. Os governadores, indígenas e a sociedade civil não fazem parte da sua composição”.

Em tempo 2: em nova nota posterior à fala do presidente, o Greenpeace lamentou “que um Presidente da República apresente postura tão incondizente com o cargo que ocupa.”

 

ClimaInfo, 14 de fevereiro de 2020.

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