“Acachapante e aterrador”: o aumento da ansiedade climática

16 de fevereiro de 2020

Os impactos físicos da crise climática são impossíveis de ignorar, mas especialistas estão cada vez mais preocupados com uma outra e menos óbvia consequência da escalada da emergência – a tensão que esta coloca sobre o bem-estar mental das pessoas, especialmente para os jovens.

Os psicólogos alertam que o impacto pode ser debilitante para o crescente número de pessoas que estão sobrecarregadas pela realidade científica do colapso ecológico, e para aqueles que viveram eventos climáticos traumáticos, muitas vezes na linha de frente do clima no Sul global.

Há alguns poucos anos, o Dr. Patrick Kennedy-Williams, psicólogo clínico de Oxford, começou a ser procurado por cientistas e pesquisadores climáticos em busca de ajuda: “Pessoas que enfrentavam essencialmente uma enxurrada de informação negativa e tendências descendentes no seu trabalho (…) e que, quanto mais se envolviam na questão, mais se apercebiam do que precisava ser feito – e mais sentiam que isto era maior do que sua capacidade de produção de mudanças significativas (…) As consequências disto podem ser bastante terríveis – ansiedade, esgotamento e uma espécie de paralisia profissional”.

As pesquisas de Kennedy-Williams mostraram que não eram apenas cientistas e pesquisadores que estavam sofrendo: “Há uma enorme demanda entre pais e mães, por exemplo, que pedem apoio sobre como falar com seus filhos sobre a questão”.

Kennedy-Willians disse ao The Guardian: “O que mais me surpreendeu foi como a consciência e a ansiedade começam cedo. A minha própria filha tinha apenas seis anos quando veio ter comigo e disse: ‘Papá, estamos ganhando a guerra contra as mudanças climáticas?’. Isso realmente me mostrou a importância, como pai, de estar preparado para a conversa, para que possamos responder de uma forma útil”. Ele diz que não há como proteger completamente os jovens da realidade da crise climática, e argumenta que isso seria contraproducente mesmo que fosse possível. Ao contrário, os pais devem falar com os filhos sobre as suas preocupações e ajudá-los a sentirem-se capacitados para tomar medidas – por menores que sejam – que podem fazer a diferença.

No Sul global, tempestades, incêndios, secas e ondas de calor cada vez mais intensas têm deixado marcas não só físicas, mas também no bem-estar mental de milhões de pessoas.

Já a experiência da ativista climática do Quênia, Elizabeth Wathuti, com a ansiedade não é tanto sobre o futuro, mas com o que está acontecendo agora: “As pessoas nos países africanos experimentam a ansiedade ecológica de maneira diferente porque a mudança climática para nós se mostra nos impactos que já estamos experimentando e na possibilidade da situação se agravar”.

A matéria tem muito mais informação e apresenta sugestões para mães e pais sobre como tratar do assunto com seus filhos.

 

ClimaInfo, 17 de fevereiro de 2020.

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