Extrema direita francesa tenta se apossar do discurso ambientalista

extrema direita

De conservador para conservacionista é o salto epistemológico que a extrema direita francesa quer dar ao se declarar ambientalista desde criancinha. Marc Bassets, do El País, escreve que seus dirigentes “alertam sobre a ameaça da mudança climática e se negam a ceder essa bandeira à esquerda. Invocam o chamado ‘localismo’: o consumo de produtos de proximidade, a redução dos deslocamentos e o apego à terra. Em sua visão do mundo, a vida sem limites nem fronteiras, como proposta pelo liberalismo, levará a humanidade à catástrofe. Falar de ecologia, para eles, também é falar de imigração e fronteiras fechadas.” Marion Maréchal, neta do patriarca da extrema direita francesa, Jean-Marie Le Pen, e a sobrinha de Marine Le Pen, deu o mote: “É óbvio para mim que a ecologia é um conservadorismo. Sinto muito, Greta!”

Jean-Yves Camus, diretor do Observatório de Radicalismos Políticos explica que “os partidos da direita radical se tornaram partidos eleitoralmente importantes e percebem que por toda a Europa, e não só, o ativismo ambiental vai de vento em popa, porque responde a interrogações profundas de uma parte importante da população. É um terreno que desejam ocupar, porque acreditam que durante muito tempo foi monopolizado pelas esquerda e extrema esquerda.” Pelo menos para estes grupos, a mudança climática é real e ameaçadora, “o cético climático, idiota útil do sistema”, diz um artigo atacando as petroleiras. Resta ver de que lado ficam as hostes que aqui gorjeiam.

 

ClimaInfo, 19 de fevereiro de 2020.

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