A mudança do clima acirrou as chuvas que mataram 140 pessoas neste começo de ano

140 pessoas

As chuvas deste começo de ano já mataram 140 pessoas e deixaram centenas de desabrigados. Claudio Angelo, do Observatório do Clima, explica a relação destas chuvas recordes com a mudança climática, especificamente com o calorão que fez na Antártica, em um artigo no Colabora. Ele começa falando do calorão antártico, produto de “uma anomalia nos ventos a 5.000 metros de altitude que favorecem a formação de ondas de calor”, e que perturbaram o jet-stream antártico, que passou a se comportar em “meandros, como um desses rios preguiçosos da planície amazônica”. E segue: “Esses meandros (…) têm outro efeito: o de exportar massas de ar frio antártico para as latitudes mais baixas. No caso, para o Atlântico Sul”, o que explica as frentes frias que passaram pelo Brasil nas últimas três, quatro semanas. “Essas frentes frias encontram a chamada Zona de Convergência Intertropical, o fenômeno meteorológico culpado pelas chuvas no Sudeste” com um duplo efeito: fizeram a ZCI ficar quase que parada e potencializaram os efeitos, transformando as chuvas normais para esta época, em tempestades mortais.

Ontem, a contabilização de mortes e desastres foi feita por vários veículos da imprensa, como o Estadão e o El País. A Folha publicou um artigo analisando o aumento de intensidade das chuvas e secas, e outro falando de São Paulo e como a urbanização desordenada contribui no momento das tragédias.

Em tempo: enquanto os recordes aqui são de chuva, a Califórnia acaba de sair do mês de fevereiro mais seco da sua história. Por exemplo, não caiu uma gota de chuva em São Francisco em todo o mês. Lá, segundo o New York Times, 90% da chuva costumava cair entre outubro a abril.

 

ClimaInfo, 5 de março de 2020.

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