Coronavírus: OMS declara pandemia

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Ontem pela manhã o diretor geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, reconheceu que o mundo está diante de uma pandemia do coronavírus. Pela contagem de ontem, o número de casos comprovados passou de 118.000 em 114 países. Mais de 4.000 pessoas morreram. A China tem o maior número de casos e mortes. China, Itália, Irã e Coreia respondem por 90% dos casos.

A chanceler alemã, Angela Merkel, espera que até 70% da população alemã seja contaminada. Por aqui, o número de casos chegou a quase 70, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse à Folha que a OMS demorou a reconhecer que havia uma pandemia.

Ao contrário de Merkel, o chefe do Mandetta mostrou que não está preparado para o que vem pela frente. Falando a empresários na Flórida, Bolsonaro cometeu a seguinte leviandade: “É muito mais fantasia a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo. Outra, alguns da imprensa, conseguiram fazer, de uma crise, a queda do preço do petróleo. Entendo que daria muito mais, é melhor cair 30% do que subir 30% o preço do petróleo. Mas isso não é crise. Obviamente, problemas na bolsa, isso acontece esporadicamente”.

A fala de Bolsonaro saiu n’O Globo, no Estadão e no Poder 360, dentre outros.

Esperava-se que Trump, na 3ª feira, anunciasse medidas para proteger e alavancar a economia norte-americana ameaçada pelo preço do petróleo e pelo vírus. O que saiu foi, na opinião de analistas, aquém do necessário.

Justin Worland na revista Time enumera três motivos de risco colocados pela pandemia para o Acordo de Paris. O primeiro: uma crise econômica, mesmo que contida, inicialmente reduz as emissões dos países, mas estes, premidos pela necessidade de revitalizar a economia, normalmente promovem medidas que aumentam emissões e reduzem o ânimo de aumento das ambições dos compromissos climáticos. O segundo: o vírus já ocupa o espaço mental de governos, da mídia e de parte da população, espaço este onde poderiam estar se preocupando e agindo em favor do clima; um consultor comentou que “todo o mundo colocará a segurança em primeiro lugar e a consideração se essa segurança estará ou não alinhada com o clima deve variar de lugar para lugar.” O último motivo é quase operacional: importantes reuniões de preparação para a COP26 já foram canceladas e, na medida em que aumentarem as restrições a viagens e reuniões, se verá menos avanços para as negociações.

A Scientific American publicou um artigo de Chelsea Harvey associando o aquecimento global a um mundo mais vulnerável a epidemias como a do coronavírus. “Cientistas esperam ver mudanças na época, na localização e na gravidade das epidemias à medida que a temperatura global aumentar.”

Em tempo: hoje saberemos se o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação), Fabio Wajngarten, pegou o vírus ao acompanhar Bolsonaro na viagem à Flórida.

 

ClimaInfo, 12 de março de 2020.

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