Zika e água contaminada, receita para o aumento de casos de microcefalia

Zika microcefalia

Por que houve um número muito maior de casos de microcefalia no Nordeste durante a epidemia de Zika? Afinal, ocorreram muitos casos de zika pelo país todo com um número comparativamente menor de casos de microcefalia.

Pesquisadores brasileiros e norte-americanos fizeram um verdadeiro trabalho de detetive ambiental para encontrar a resposta. Na época, 2015-16, a seca no Nordeste chegava ao ponto máximo. Com açudes secos, parte importante da população mais pobre recebia água de caminhões-pipa. Os pesquisadores descobriram que, na região, metade dos reservatórios de água usados para consumo humano tinha concentrações de cianobactérias entre 4 a 20 vezes maiores do que as encontradas em outros pontos do país. Essas cianobactérias produzem  saxitoxina, que tem efeito conhecido sobre o sistema nervoso humano. A concentração da saxitoxina nos reservatórios nordestinos também era bem acima da encontrada no resto do país.

Segundo a Agência Bori, “os cientistas testaram os efeitos da saxitoxina quando combinada ao vírus da zika (…) [e] foi observado que a combinação entre a toxina e o vírus resultava no agravamento da neurotoxicidade do zika, triplicando a mortalidade celular e causando alterações similares à microcefalia.” Assim, o aquecimento da atmosfera favorece a propagação de patógenos como a zika e, ao reduzir a quantidade e a qualidade da água potável, provoca tragédias microcefálicas como os quase 1.500 casos no Nordeste.

Eduardo Geraque, no Direto da Ciência, escreveu sobre o trabalho.

 

ClimaInfo, 13 de março de 2020.

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