Crescimento econômico da Amazônia é maior onde se desmata menos

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“O crescimento econômico e o bem-estar das populações que vivem na Amazônia não dependem do desmatamento. Ao contrário, onde mais se desmata é onde menos a economia cresce e onde é maior a distância entre os indicadores de desenvolvimento do país e os da Amazônia”, diz Ricardo Abramovay, da USP, em entrevista ao Estado de Minas. Ele continua: “Quando autoridades dizem que é importante ampliar a produção agropecuária na Amazônia, se isso significar promover esse tipo de desmatamento, trata-se de operação que envolve atores e procedimentos que não vão resultar em desenvolvimento, mas em destruição e criminalidade.” Abramovay sinaliza que este movimento é uma ameaça à própria democracia brasileira, por solapar laços de confiança e por procurar cravar uma narrativa segundo a qual a proteção ambiental e o respeito pelo Povos Tradicionais são um obstáculo ao desenvolvimento. E ele reforça: “O desmatamento é uma atividade profissional e muito cara. É gente que tem dinheiro, contrata pessoas miseráveis, frequentemente em situação de trabalho escravo, para fazer esse trabalho absurdo”. E criminoso.

Não é coincidência que o CEO da maior seguradora da Suíça, a Zurich Insurance Group, disse que apesar dos avanços tecnológicos, é muito importante cuidar da origem de pandemias como a do Ebola. “O desmatamento expulsa os animais selvagens de seus habitats naturais e se aproxima das populações humanas, criando uma maior oportunidade para doenças zoonóticas”, escreveu em artigo para o Fórum Econômico, destacando que o desmatamento está ligado a 31% dos surtos, como Ebola, Zika e os outros vírus.

Comentando o artigo, Helen Avery escreveu no EuroMoney que “o desmatamento, no entanto, não está diminuindo rápido o suficiente (na verdade, está crescendo) e parte por conta de extensos incêndios.

Segundo pesquisas da Universidade de Maryland, os trópicos perderam 12 milhões de hectares de cobertura florestal em 2018 – a quarta maior perda anual desde o início da manutenção de registros, em 2001. Esse número deve ser maior em 2019. Como resultado do aumento do desmatamento, tem havido pressão sobre o setor financeiro para avaliar suas políticas de financiamento de desmatamento, mas sem sucesso expressivo.”

 

ClimaInfo, 16 de março de 2020.

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