Mais destruição da natureza, mais pandemias

19 de março de 2020

A destruição da biodiversidade promovida pela nossa civilização pode estar criando as condições para o surgimento de novos vírus com poder de transmissão e letalidade inéditos.

A espécie humana convive desde sempre com patógenos vindos da natureza, alguns benéficos, outros mortais. Alguns poucos entraram para a história, como a Peste Bubônica e a Gripe Espanhola. O tema voltou com força por conta da pandemia atual.

David Quammen, autor de “Spillover: Infecções Animais e a Próxima Pandemia”, escreveu no New York Times que “invadimos as florestas tropicais e outras paisagens selvagens, que abrigam tantas espécies de animais e plantas – e dentro dessas criaturas, tantos vírus desconhecidos.” Ele continua: “Nós cortamos as árvores; matamos os animais ou os enjaulamos e os enviamos para os mercados. Destruímos ecossistemas e soltamos os vírus de seus hospedeiros naturais. Quando isso acontece, eles precisam de um novo hospedeiro. Muitas vezes, somos nós.”

O jornalista John Vidal lista nomes que apareceram muito recentemente, como o Marburg, Mers, Lassa, Ebola e mutações de velhos conhecidos, como a dengue e a zika. Ele fala de uma pesquisa de 2008 que identificou 335 novas doenças que surgiram entre 1960 e 2004 das quais 60% vinham de animais.

Talvez o ponto mais importante do artigo de Vidal seja a citação de Eric Fevre, da Universidade de Liverpool: “A diferença entre hoje e algumas décadas atrás é que é provável que surjam doenças tanto em ambientes urbanos como naturais”. E ele continua: “Fizemos surgir populações densamente aglomeradas, com morcegos e roedores e aves, animais de estimação e outros seres vivos vivendo ao nosso lado. Isso cria interação intensa e oportunidades para que as coisas passem de espécie para espécie.”

O artigo de Vidal saiu na Ensia e foi republicado no The Guardian e na Scientific American.

Nós aqui do ClimaInfo entendemos que localizar a origem dos patógenos é importante. Mas talvez ainda mais importante seja evitar que eles se espalhem pelo planeta em questão de meses, o que talvez implique colocar a atual mutação superconsumista do sistema capitalista em quarentena.

 

ClimaInfo, 20 de março de 2020.

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