Não saber o tamanho e a duração da crise do coronavírus não impede que se imagine quais mudanças ocorrerão ao longo dos próximos meses, e quais novas avenidas se abrirão para um desenvolvimento mais sustentável. Alexandre Mansur, na Exame, identifica algumas “megatendências” com o sentido de “acelerar a transição da sociedade para formas de viver e produzir que nos ajudem a lidar com outra crise global – a das mudanças climáticas – que certamente vai durar pelos próximos séculos.”
A primeira é a valorização da ciência no que ela tem de melhor – o conhecimento produzido a partir de evidências com o reconhecimento da comunidade do assunto, em contraponto aos achismos de amadores.
A segunda, talvez um dos frutos das quarentenas, é a dispensa do consumismo em prol de uma vida mais simples, mais essencial.
A terceira também é fruto da nossa experiência de isolamento. Esta tem mostrado que, de fato, não precisamos nos deslocar tanto como fazíamos, tanto profissionalmente quanto para o lazer.
A quarta, a solidariedade, fruto de um vírus que se mostrou extremamente democrático nas vítimas que fez e da noção da proteção de cada um depender, fundamentalmente, do comportamento de todos.
Mansur fala ainda que o mundo está hiperconectado. Um morcego na China pode causar uma pandemia. Queimar combustíveis fósseis e destruir florestas causam um aumento na fúria da natureza na forma de furacões e incêndios. E ele termina com um voto de esperança: “Seria ingenuidade pensar que todas as lições dessa epidemia tornarão nossas sociedades mais saudáveis. Mas a resiliência das famílias, das comunidades e dos países reside em sua capacidade para aprender com a dor e buscar mais sustentabilidade. Com sorte, a humanidade sairá um pouco mais sábia desse episódio.”
ClimaInfo, 2 de abril de 2020.
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