O mundo não será o mesmo depois da pandemia

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A pandemia acontece em um momento no qual a globalização está sendo minada pela guerra comercial entre os EUA e a China, e pela ascensão dos partidos nacionalistas de extrema-direita na Europa.

A Organização Mundial do Comércio, torpedeada pelos EUA, simplesmente parou.

Beata Javorcik, economista-chefe do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (ERDB), escreve no Financial Times que as cadeias de suprimento de alta tecnologia foram paralisadas quando o governo bloqueou a província de Hubei no início da pandemia. Hubei é o polo de produção de chips e sede de filiais de 300 das 500 maiores corporações globais. Estas se viram sem um plano B. Javorcik diz que isso aconteceu por conta da priorização do lucro por meio da realocação da produção em busca do menor custo. Agora, diz, a palavra-chave é resiliência e estende a ameaça pontual do coronavírus para a perenidade da mudança climática.

No final de março, a coluna de grandes textos do The Guardian publicou um artigo que se pergunta o que o coronavírus mudará no funcionamento do mundo, lembrando que períodos de grandes agitações levam a mudanças radicais. Os otimistas enxergam uma oportunidade de construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Os pessimistas temem que as injustiças se tornarão ainda mais graves.

Ricardo Abramovay, da USP, comentando o artigo do Guardian, destaca um fato relevante: em 4 cidades chinesas, a queda na poluição deve ter evitado a morte de 1.400 crianças abaixo de cinco anos e de 51.700 adultos, e que isso nos deveria fazer pensar que o desafio não é a “volta ao normal”, mas sim o de superar o que até agora era considerado normal.

 

ClimaInfo, 6 de abril de 2020.

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