Pandemias são produto da arrogância humana destruidora da natureza

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“No fundo, trata-se sempre do mesmo ponto: de como nossa visão extrativista do mundo vivo está levando a humanidade a uma encruzilhada à qual põe em xeque sua própria existência. É algo que não se conserta com álcool em gel”. Marina Aizen, no Anfíbia, volta a ligar a origem das pandemias à gana da nossa civilização em destruir ecossistemas e encurralar espécies. Enquanto a maioria dos artigos sobre o tema miram os mercados de animais silvestres na China e no desmatamento na África tropical, Aizen inclui a América Latina na pandêmica lista. Por exemplo, na Bolívia em 2003, apareceu o vírus Chapare em uma área na planície amazônica que havia sido desmatada para o plantio de arroz. Sem que ninguém saiba como, o vírus reapareceu, anos mais tarde, em uma clínica nos Andes, onde matou um paciente e os dois médicos que cuidaram dele. Pelo menos esse não se propagou.

Philip Fearnside, do INPA, escreveu um artigo no Mongabay afirmando que o desmatamento da Amazônia aumenta o risco de surgirem novas e velhas doenças contagiosas. Ele e colegas publicaram um artigo nos Anais da Academia Brasileira de Ciências sobre o tema. Fearnside indica um artigo publicado no Ilar Journal, em 2017, tratando da relação entre as mudanças ambientais com as doenças infecciosas aqui no Brasil.

Johannes Vogel, no Financial Times, segue a mesma linha em um artigo que leva o título de “O coronavírus expôs nossa relação arrogante para com a natureza – as ameaças a nós mesmos estão interrelacionadas: mudança climática, perda de biodiversidade, novos patógenos.” Ele olha não só para o salto de animais para humanos, mas para nossa civilização: “Normalmente, obstáculos naturais, como montanhas, oceanos ou desfiladeiros, retardam a propagação de tais surtos. Mas este vírus se apoderou de uma espécie cosmopolita – uma altamente móvel, supernumerosa e superconectada: o ser humano.”

Também vale ver os artigos de Catrin Einhorn no New York Times e de Nicole Mortillaro na CBC News.

 

ClimaInfo, 13 de abril de 2020.

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