“No meio do século, grandes áreas da Amazônia terão entre 80% e 100% de suas espécies de animais abruptamente expostas a temperaturas jamais experimentadas por elas. Algumas podem não resistir e se extinguir, provocando um efeito-cascata em todo o ecossistema”, escreve Claudio Angelo, do Observatório do Clima, no Colabora, sobre um trabalho publicado pela Nature na semana passada.
O trabalho mostrou que muitas espécies estão vivendo próximas do limite térmico suportado por seus organismos. O ClimaInfo publicou uma nota a respeito falando dos impactos ao redor do mundo.
Claudio Angelo colocou sua lupa nos ecossistemas: “Regiões como a Amazônia, o Sahel, o noroeste da Austrália e o Sudeste Asiático poderão ter 90% de suas comunidades de animais empurradas para além do limite de temperatura no qual elas evoluíram por milhares de anos. Pior ainda: em muitos casos a virada será abrupta, ou seja, ocorrerá em intervalos de tempo muito curtos, de uma década ou menos. É o caso da Amazônia, onde a maior parte das espécies entra na zona quente por volta de 2050.”
Claudio destaca o inédito do trabalho, que olha para a complexa teia das espécies que compõem os ecossistemas e como o impacto sobre algumas destas acaba se amplificando por todo o sistema. Ele cita um dos autores do trabalho, Alex Pigot: “A exposição marca o ponto a partir do qual nós entramos em território desconhecido e nossa incerteza sobre a capacidade de uma espécie sobreviver na natureza aumenta dramaticamente.”
ClimaInfo, 13 de abril de 2020.
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