O setor elétrico quer socializar o prejuízo, mais uma vez

setor elétrico

Para cobrir o prejuízo causado pela pandemia, o governo pretende ajudar o setor elétrico com empréstimos bilionários e com os recursos dos Fundos Sociais do setor. Os empréstimos foram usados em outras crises do setor. A novidade é o acesso aos mais de R$ 20 bilhões destinados a pesquisa e desenvolvimento, a projetos de eficiência energética e à fiscalização do setor. Isso significa que, além do provável tarifaço, o país perde ainda mais em desenvolvimento e capacitação tecnológica exatamente quando o mundo começa a fazer a transição para uma matriz energética sem emissões.

O consumo de eletricidade no país caiu entre 25% e 30% em março, somando-se a um aumento ainda não contabilizado de contas de energia não pagas. Assim, as distribuidoras de eletricidade se viram espremidas entre a queda das receitas e a obrigação contratual de pagar por uma quantia fixa de energia, mesmo sem usá-la.

Em sistemas menos cartoriais, os geradores estariam gerando menos e, portanto, recebendo menos. Aqui, estes se defendem dizendo que alterações de contrato afastam investidores estrangeiros e elevam os preços nos próximos leilões. Ora, isso está acontecendo no mundo todo. A pandemia provoca rupturas e as tarifas de eletricidade subirão em razão do aumento do risco. Mas por aqui parece mais fácil enfiar a mão no bolso do consumidor por meio de artifícios do que, transparentemente, informar que a tarifa subiu.

Anne Warth, no Estadão, escreveu uma matéria sobre os Fundos Setoriais e outra sobre os empréstimos.

 

ClimaInfo, 15 de abril de 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)