Editorial da Science: o momento de ver os mais pobres

Revista Science

A prestigiada revista Science publicou um editorial dizendo que a parte pesada da conta do coronavírus cairá sobre os mais vulneráveis, estejam eles em países pobres ou nas grandes cidades do mundo desenvolvido. Enquanto os mais afortunados podem se isolar, as “pessoas pobres que moram em favelas urbanas ou campos de refugiados não têm essa opção e não têm máscaras faciais e instalações para lavar as mãos”. A isso, o editorial acrescenta o fosso digital entre ricos e pobres, que prejudica a comunicação e a disseminação das recomendações da ciência e, muitas vezes, dá voz às fake news entre os mais vulneráveis. Isto faz com que os autores proponham que passe a ser igualmente fundamental o direito ao acesso à internet e sua infraestrutura de comunicação. No mundo pós-corona, eles propõem que seja feita “uma revisão profunda das visões de mundo, estilos de vida (…) Uma sociedade mais responsável, mais solidária, mais caridosa, mais inclusiva e mais justa é necessária se quisermos sobreviver no Antropoceno”.

O mesmo número da Science traz uma matéria comemorando os 50 anos da criação do Dia da Terra com uma advertência que cai como uma luva em certos ambientes palacianos: “No meio século desde o [primeiro] Dia da Terra, o movimento anticiência espalhou metástases, posto que os conservadores foram capazes de o incorporar aos valores conservadores centrais: a ciência foi descartada como pertencendo ao território das elites liberais, antirreligiosa em seu secularismo e anticapitalista pelo seu apoio às regulações baseadas na ciência. O que a atual pandemia do coronavírus deixa claro é o custo pesado da demora e da inação diante de alertas urgentes da ciência”.

 

ClimaInfo, 20 de abril de 2020.

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