Ontem, o preço do barril Brent chegou perto de US$10 antes de se recuperar um pouco. Enquanto o outro índice padrão, o WTI, atingiu valores negativos na 2ª feira, o Brent vinha se segurando acima de US$ 20.
O WTI reflete muito mais os mercados dos EUA e do Canadá e os valores negativos vinham da percepção de que a capacidade de armazenamento dos EUA estava por se esgotar.
O Brent, por sua vez, reflete mais os mercados internacionais nos quais os grandes reservatórios são complementados pela capacidade de toda a frota de petroleiros e as ameaças de esgotamento desta capacidade ainda eram menores.
Mesmo assim, a diferença entre a oferta e a demanda global beira os 30 milhões de barris por dia. Vários dos países produtores estão vendendo o que podem para fazer caixa para o enfrentamento da pandemia, reduzindo a possibilidade de cortes efetivos na oferta que pudessem fazer manter o patamar de preço do Brent.
A queda de ontem confirma que a crise do petróleo está longe de ser resolvida. O que emergirá no pós-pandemia deverá ser estruturalmente diferente do setor do começo do ano.
Nos EUA, onde a exploração do folhelho fez do país o maior produtor de petróleo no ano passado, a dívida que vence neste ano das empresas de exploração e transporte passa de US$ 200 bilhões, e não há receita suficiente para chegar nem perto desse valor.
Já se começa a ver o resultado: demissões em massa, cortes de produção e falências. Um dos operadores comentou no New York Times que “o mês de abril será terrível, mas o de maio será impossível.”
ClimaInfo, 23 de abril de 2020.
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