O impacto desigual do coronavírus no Brasil das desigualdades

coronavírus desigualdes

A pandemia ampliará o fosso entre ricos e pobres, apesar do vírus não fazer distinção entre possíveis infectados. Um grupo de pesquisadores da Rede de Políticas Públicas & Sociedade publicou um levantamento do cenário brasileiro que dá números para a desigualdade do impacto. As principais conclusões da pesquisa são:

– “Um quarto dos trabalhadores brasileiros (23,8 milhões de pessoas) concentra vulnerabilidades tanto em função de seus vínculos e posições frágeis, como em decorrência de choques e impactos setoriais.

– 81% da força de trabalho (75,5 milhões de pessoas) experimenta algum tipo de vulnerabilidade em virtude dos efeitos da pandemia da COVID-19.

– A distribuição dos grupos vulneráveis nas Unidades da Federação é razoavelmente homogênea, o que significa que todas terão seus mercados de trabalhos afetados de forma semelhante. Ou seja, os trabalhadores identificados como mais vulneráveis, seja em São Paulo ou no Maranhão, respectivamente o estado mais rico e o mais pobre do país, estão igualmente sujeitos à perda significativa do emprego e/ou deterioração da renda. Esses trabalhadores, que ocupam posições e vínculos mais instáveis em setores não essenciais, pertencem ao grupo dos extremamente vulneráveis.”

O trabalho pode ser baixado aqui. O Centro de Pesquisas da Metrópole, da USP, e Ricardo Balthazar, da Folha, comentaram o trabalho.

Matéria do blog Ambiência da Folha, mostra que o colapso do sistema de saúde em Manaus é um claro prenúncio do que pode acontecer pelo interior do Amazonas e dos estados da região. O vai e vem de barcos levando garimpeiros e grileiros só adiciona a algo que pode ser devastador. Não há leitos de UTI suficientes nem em Manaus nem nas outras cidades do estado e da região. Manacapuru já tem um sistema fora de controle, e Belém e Macapá vão na mesma direção.

Em tempo: A Agência Pública conversou com Deisy Ventura, especialista em saúde global, quem mostra o que o governo fez para o Brasil ser considerado um pária internacional “O país é referência internacional em diversos programas, na questão do combate ao HIV e à AIDS, no combate ao tabaco, nos bancos de leite materno, na chamada cooperação Sul-Sul, desenvolvida nas últimas décadas, principalmente com os países africanos de Língua Portuguesa (…) A verdade é que hoje o Brasil é um pária internacional. O Brasil é ridicularizado, hostilizado. Existe um desconcerto entre os governantes dos Estados mais importantes do mundo em relação ao que é feito no Brasil. É importante notar que a clivagem na tomada de posição em relação à pandemia não se dá por espectro ideológico ou partidário.”

 

ClimaInfo, 28 de abril de 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)