França e Holanda querem comércio com regras ambientais mais fortes

França e Holanda

Os governos de França e Holanda publicaram uma declaração conjunta pedindo a implementação de padrões ambientais e trabalhistas avançados nos acordos comerciais negociados pela União Europeia. Os dois países defendem, também, que a Comissão Europeia avance na implementação do chamado “mecanismo de ajuste fronteiriço de carbono”, uma taxa sobre importações baseada na pegada de carbono do país de origem.

O comunicado reúne dois governos com perfis distintos em negociações comerciais. Por um lado, a França, conhecida por suas reservas históricas a acordos comerciais mais amplos, especialmente aqueles que possam ameaçar a competitividade de sua agricultura e de sua indústria. Por outro, a Holanda, historicamente associada a fluxos comerciais internacionais e defensora tradicional do livre comércio. No entanto, nos últimos tempos, o governo holandês vem enfrentando dificuldades domésticas com acordos comerciais europeus; por exemplo, o acordo entre UE e Canadá foi aprovado na Câmara dos Deputados do país por apenas um voto de diferença no começo desse ano.

Como ressalta o Financial Times, a declaração conjunta da França e da Holanda deve aquecer as discussões sobre o futuro da política comercial da UE após a pandemia de COVID-19, que atingiu em cheio o continente nos últimos meses. O presidente francês, Emmanuel Macron, vem defendendo uma política “soberana” para a Europa, com investimentos em indústria de alta tecnologia e barreiras de acesso ao mercado europeu para aqueles países que não cumprem com os compromissos ambientais, trabalhistas e sociais do bloco.

Esse cenário pode afetar diretamente o andamento do acordo comercial entre Mercosul e UE, assinado no ano passado. Ele foi recebido com críticas em diversos países europeus, especialmente por conta da alta do desmatamento e de preocupações com perda de competitividade da pecuária local com a entrada da carne de Brasil e Argentina no mercado europeu.

 

ClimaInfo, 6 de maio de 2020.

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