O real preço do petróleo deveria ser zero

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Pelas regras do mercado, o preço de uma mercadoria superabundante é bem próximo a zero. Nicolas Haeringer, no World at 1°C, argumenta que a regra deveria valer para o petróleo. Quando os maiores países produtores abrem suas torneiras para um mundo trancado em quarentena, é isso que acontece com o preço do barril.

Acontece que os maiores investidores do mundo têm, no petróleo, uma fonte importante de receitas. Estima-se que as megacorporações de energia representem 15% do valor de todas as ações em todas a bolsas do globo. Desde que o Acordo de Paris foi assinado, os 33 maiores bancos globais injetaram quase US$ 2 trilhões no setor fóssil: petróleo, gás natural e carvão. O FMI estimou que a soma de todos os subsídios e custos indiretos do petróleo, como por exemplo os impactos da mudança climática, chegue a aproximadamente US$ 10 milhões por minuto (ou US$ 5,3 trilhões por ano).

Haeringer diz que há expectativas do preço do barril voltar ao patamar de US$ 100 na saída da crise. Mas, argumenta, “deveria ser o contrário: o petróleo é um recurso superabundante por si só. Temos muito, muito, abusivamente muito petróleo. Nesta perspectiva, o preço do petróleo, como matéria-prima superabundante regulada pelos mercados financeiros, deve ser, portanto, zero – ou quase zero.”

Na semana passada, segundo o Valor, o preço futuro do barril voltou ao patamar de US$ 30, pouco menos da metade do seu valor no começo do ano. Mesmo assim, o mundo do petróleo respirou aliviado. Para eles, melhor meio barril na mão do que 2 trilhões de barris enterrados para todo o sempre.

 

ClimaInfo, 11 de maio de 2020.

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