94% da Terra Indígena Ituna-Itatá é cadastrada em nome de particulares

Terra Ituna-Itatá

Enquanto o Exército inicia sua nova operação de Garantia da Lei e da Ordem na Amazônia, o Fantástico (TV Globo) mostrou no domingo que a situação em muitos pontos da região, especialmente em Terras Públicas e Terras Indígenas, é literalmente de “terra arrasada”.

O relaxamento da fiscalização que deveria ser exercida pelo governo federal facilitou a intensificação de invasões de grileiros, fazendeiros, garimpeiros e madeireiros nos últimos tempos, o que se refletiu no aumento persistente e cada vez mais acentuado do desmatamento na Amazônia.

O Greenpeace Brasil fez um levantamento sobre a situação da Terra Indígena (TI) Ituna-Itatá, a mais desmatada do país no ano passado, de acordo com o sistema PRODES do INPE – 119,92 km2 de mata perdida entre agosto de 2018 e julho de 2019. Pelos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), 94% do território de Ituna-Itatá está registrado em nome de proprietários particulares. Além disso, quase ⅓ dos 223 CARs registrados na Ituna-Itatá corresponde a áreas com mais de 1 mil hectares, o equivalente a 1,4 mil campos de futebol por área declarada.

“Isso mostra que os verdadeiros beneficiários dessas invasões são grandes proprietários e grileiros de terra, focados na especulação imobiliária e não famílias vulneráveis em situação de desespero”, ressalta Adriana Charoux, do Greenpeace Brasil. “Mostra também quão confiantes os invasores estão de que o governo muito em breve conseguirá mudar a lei a favor deles”.

Outro ponto destacado pelo Greenpeace Brasil é que algumas das propriedades registradas no CAR na TI Ituna-Itatá estão em nome de pessoas que comercializam gado com pecuaristas que mantêm relação comercial com grandes frigoríficos que se comprometeram com o desmatamento zero, como é o caso de Marfrig, Global Foods, Frigol e JBS.

Os números recentes do desmatamento na Amazônia foram destaque na imprensa internacional, com repercussão em veículos como Deutsche Welle, BBC, Al-Jazeera, ABC News, entre outros. Sinal de que, mesmo com a pandemia, o mundo seguirá de olho no que acontece em sua maior floresta tropical.

 

ClimaInfo, 12 de maio de 2020.

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