O gás natural é saída para o quê?

gás natural

Muito se argumenta que a geração térmica a gás natural é obrigatória para suprir eletricidade quando não há vento e sol, enquanto o custo das tecnologias de armazenagem permaneçam caras. Um trabalho interessante do Instituto Escolhas levanta dúvidas sérias sobre a narrativa. Os pesquisadores analisaram o último Plano Decenal de Energia e, em especial, o papel do gás, para concluir que falta ao “planejamento indicar com precisão esse papel em nossa matriz, que sinalize o horizonte de tempo da sua permanência nessa condição, e como se faz efetivamente a sua substituição (…) por outras fontes.”

Na falta destes detalhes, o chavão do gás ser uma “fonte de transição” perde substância e, em troca, sobra uma infraestrutura cara, emissora e fadada a durar décadas.

O Escolhas aponta graves riscos, minimizados nos discursos oficiais. O mais importante é água: para minimizar investimentos, a alternativa tecnológica de resfriamento mais barata consome grandes volumes de água. Se hoje o país vive sucessivas crises hídricas, as mudanças climáticas só agravarão o problema e colocam em questão a própria viabilidade da operação desta alternativa.

O trabalho conclui, dizendo: “Assim, se antes mesmo da crise da pandemia já era evidente a necessidade de se injetar uma dose maciça de moderação para conter a euforia com que se faziam as previsões dos investimentos na expansão do gás em nossa matriz elétrica, isso agora se tornou imprescindível em razão do quadro absoluto de desarranjo da economia mundial, evitando que decisões estratégicas para o futuro do país sejam tomadas sem levar em conta todos os fatores de riscos para uma correta avaliação dos seus impactos.”

O Canal Energia comentou o trabalho.

 

ClimaInfo, 13 de maio de 2020.

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