O Brasil na encruzilhada da COVID-19

14 de maio de 2020

Enquanto Bolsonaro segue sua “cruzada” contra o distanciamento social, os números da pandemia seguem crescendo. Desde ontem, somos o 6º maior país em números de casos de COVID-19, ultrapassando a França e somando quase 189 mil casos.

Estados e municípios estão sendo confrontados com a necessidade de impor medidas mais rígidas para barrar a circulação de pessoas. A Associated Press ouviu especialistas e gestores brasileiros e fez um raio-X das dificuldades. Em muitas cidades, inclusive as mais atingidas pela pandemia, como São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus, o desafio é a implementação de ações como o lockdown de maneira efetiva, especialmente no contexto de politização da pandemia promovido pelo presidente.

Com a falta de testes e informações confiáveis, a estratégia de governos municipais e estaduais se pauta em estimativas matemáticas da situação atual e do padrão de desenvolvimento da pandemia. Pesquisadores da UFRJ desenvolveram um modelo que permite traçar previsões para o número de casos de COVID-19 reportados e não reportados, e para o pico da pandemia em cenários com diferentes medidas de Saúde Pública. Segundo as projeções do modelo, o Brasil estaria atravessando o pico de casos, incluindo assintomáticos e não reportados.

No plano econômico, o cenário também é desastroso. O Ministério da Economia revisou sua estimativa para o PIB deste ano projetando uma queda de 4,7%. A previsão anterior, feita em março, estimava uma retração de 0,02%. A equipe de Guedes já trabalha com um cenário recessivo para o 2º trimestre de 2020. Ainda assim, as projeções do governo são mais otimistas que as do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que estimam 5% e 5,3% de queda, respectivamente.

De acordo com a ONU, a economia global deverá perder quase US$ 8,5 trilhões em produção nos próximos dois anos, o que anularia os ganhos obtidos nos últimos quatro anos. O PIB das economias desenvolvidas deverá cair 5% neste ano, com crescimento estimado para 2021 em 3,4%. O levantamento da ONU indica que quase 90% da economia mundial está sob alguma forma de lockdown, o que deprime a demanda e perturba as cadeias de suprimento.

Em tempo: A atuação irresponsável de Bolsonaro na pandemia segue chocando a opinião pública internacional. No UOL, Jamil Chade destaca as reações de deputados do Parlamento Europeu e da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF). Nos dois casos, a atuação de Brasília em relação à pandemia na Amazônia é alvo das críticas mais ácidas. De acordo com os parlamentares europeus, o governo brasileiro facilita um verdadeiro extermínio de Povos Indígenas ao se omitir na atenção e no cuidado médico para essas comunidades. Já para a diretora do MSF no Brasil, a médica portuguesa Ana de Lemos, a inconsistência das mensagens de Brasília está causando mortes que poderiam ser evitadas.

 

ClimaInfo, 14 de maio de 2020.

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