Frigoríficos estão virando criadouros e propagadores de vírus

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A pandemia de COVID-19 está atingindo de maneira peculiar os frigoríficos. Além dos impactos da queda na demanda, as instalações físicas do setor também estão registrando surtos da nova doença em diversas partes do mundo.

Apenas no Rio Grande do Sul, 250 casos foram confirmados em pelo menos 12 frigoríficos, de acordo com a Secretaria de Saúde do estado. Por estar incluído na lista de serviços essenciais, o setor não foi obrigado a suspender suas atividades durante a quarentena. De acordo com a BBC News Brasil, as autoridades estaduais estão preocupadas com o aumento de casos no setor, que é intensivo em mão de obra e que conta com uma estrutura organizacional que facilita a propagação do novo coronavírus.

O risco é que a situação se escale ao nível observado nos EUA, onde diversos frigoríficos foram forçados a parar suas atividades por semanas por conta da pandemia, o que afetou as cadeias de fornecimento de carne no país. No RS, uma unidade da BRF em Lajeado e uma da JBS em Passo Fundo tiveram que fechar por ordem da Justiça.

A situação nos EUA foi tão dramática que, no final de abril, a empresa Tyson Foods, uma das maiores produtoras de carne do país, alertou que as cadeias de fornecimento estavam “quebrando” por causa da pandemia e da paralisação dos frigoríficos.

Mas, para alguns críticos, a insustentabilidade do setor no longo prazo é que está causando esses problemas. O Guardian ouviu alguns produtores de carne dos EUA que apontam que o sistema produtivo implementado nos últimos 70 anos fragilizou o setor, ao focar apenas em eficiência e redução de custos para massificar a produção e ampliar o consumo. Dois caminhos surgem nesse contexto: uma mudança no modelo produtivo de menor porte, mais alinhado ao meio ambiente e ao bem estar animal; e uma mudança no modelo de consumo, com a redução no total de carne que as pessoas ingerem.

 

ClimaInfo, 15 de maio de 2020.

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