Garimpeiros, financeiras e falta de controle operam uma nova corrida do ouro na Amazônia

garimpo Amazônia

O Brasil exporta por volta de US$ 2 bilhões em ouro todos os anos. Nos últimos dois anos foram produzidas 85 toneladas legalmente, que propiciaram a arrecadação de mais de R$ 300 milhões só na rubrica da Contribuição Financeira sobre Exploração Mineral (CFEM). Esses valores devem subir expressivamente neste ano, acompanhando a alta de quase 45% nos últimos 5 anos.

Quase todo esse ouro vem da Amazônia, e boa parte dele dos garimpos ilegais que operam em áreas protegidas e Terras Indígenas, onde a atividade é ilegal. Segundo matéria do Amazônia.org do ano passado, “estima-se que garimpos ilegais faturem de R$ 3 a R$ 4 bilhões anuais no país. Em Itaituba, garimpeiros compram cerca de 100 escavadeiras por ano de uma única empresa – cada máquina chega a custar R$ 1 milhão”.

O Instituto Escolhas acaba de publicar o trabalho “A nova corrida do ouro na Amazônia”, trazendo dados e contando histórias sobre esse que é um dos maiores negócios na região Norte e, ao mesmo tempo, um dos maiores vetores de desmatamento e de tensões com os Povos Indígenas.

Guilherme Aggens, da Geoconsult, chama de ilegal o garimpo em terras protegidas, mas o separa daquele feito sem a autorização oficial. “O ouro vai sair, tem de saber se sai legal ou ilegal. Tem gente que chega com avião e dinheiro e leva o ouro. Impossível ter a dimensão de quanto é legal ou ilegal.”

O Escolhas promoveu um debate, ontem, para lançar o trabalho com a participação de Eloy Terena, advogado e líder indígena, de jornalistas, gente do Ministério Público, da Agência Nacional de Mineração e consultores ligados ao tema. Ficou claro que o tamanho real do problema é desconhecido, não se sabe quantos são os garimpos, os garimpeiros e o tamanho das áreas destruídas. Nem os grandes atores que se escondem por trás dessa indústria bilionária.

Vale ler a matéria assinada por Rafael Rosas no Valor.

 

ClimaInfo, 22 de maio de 2020.

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