Pandemia atinge mais de 70 Etnias Indígenas no Brasil

etnias indígenas

Com a proliferação da COVID-19 na região amazônica, diversas comunidades indígenas adotaram medidas próprias para impedir a chegada da pandemia ou diminuir sua velocidade de contaminação, como barreiras sanitárias. No entanto, o órgão oficial que deveria zelar pela proteção dos Povos Indígenas brasileiros faz exatamente o contrário: criminaliza a autoproteção das comunidades e não destina recursos garantidos em orçamento para o combate à COVID-19.

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) denunciou que a Funai havia gasto, até 22/4, pouco mais de R$ 1 milhão dos R$ 10,8 milhões enviados pelo governo federal para proteção de aldeias. O valor gasto àquela altura foi usado para a compra de caminhonetes. A Funai também não apresentou nenhum plano emergencial nem um calendário para distribuição de cestas básicas e atenção social.

Enquanto o governo federal se faz de desentendido, o coronavírus segue clamando por novas vítimas entre os Povos Indígenas. Casos de contaminação em aldeias já atingiram os nove estados da Amazônia Legal, sendo que 159 indígenas morreram por COVID-19 até a semana passada, com 1.604 infectados de 75 etnias diferentes, de acordo com dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).

O impacto da pandemia nas comunidades indígenas da Amazônia foi lembrado ontem (31/5) pelo Papa Francisco em sua primeira bênção presencial na Praça de São Pedro, no Vaticano, depois de três meses de quarentena. O pontífice expressou preocupação com a situação dramática de muitas aldeias e pediu que os fiéis católicos rezassem e ajudassem essas comunidades na medida do possível.

Em tempo: Vale a pena ouvir o Diálogos da USP #20, que discutiu a situação e a invisibilidade dos indígenas na pandemia, tanto nas aldeias como na periferias das cidades do Brasil. Com a participação de Sonia Guajajara (APIB), Marcos Wesley de Oliveira (Instituto Socioambiental) e Marta Rosa Amoroso (Centro de Estudos Ameríndios da USP).

 

ClimaInfo, 1º de junho de 2020.

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