Protestos por George Floyd forçam ambientalistas a debater clima e questão racial 

george floyd

A convulsão social disparada nos EUA pelo assassinato de George Floyd pela polícia de Minneapolis levou o New York Times a perguntar a três destacados defensores do meio ambiente: como o movimento climático pode ser antirracista? Ficou claro que “o racismo, em suma, torna impossível se viver de forma sustentável”, como escreve o jornal.

Sam Grant, diretor executivo do MN350.org, foi um dos primeiros ativistas climáticos a clamar pelo indiciamento dos policiais envolvidos no assassinato de George Floyd. À sua declaração, seguiram-se outras de líderes de organizações como Greenpeace, Natural Resources Defense Council, WWF e WRI.

Grant disse ao NYT que “parte do nosso desafio como organização focada na crise climática é honrar o que é primordial para as pessoas e, por meio do diálogo e do relacionamento, ajudá-las a entender a conexão entre esta questão e a crise climática. Então não é escolher isto ou aquilo. É isto e aquilo”. Ele disse também que “a violência policial é um aspecto de um padrão mais amplo de violência estrutural, da qual a crise climática é uma manifestação. Curar a violência estrutural é do melhor interesse de todos os seres humanos.”

O professor Robert D. Bullard, da Texas Southern University, quem há mais de 30 anos escreve sobre a necessidade de corrigir o racismo ambiental, recebeu bem as declarações dos líderes dos grandes grupos ambientais, mas lamentou que a maior quantidade dos recursos filantrópicos siga ainda destinada a grupos ambientais liderados por brancos.

“Gostaria de ver esses grupos [filantrópicos] abraçar os conceitos de justiça e equidade. Estas declarações precisam ser acompanhadas de um esforço concertado de enfrentamento das condições subjacentes que geram desespero”, disse o professor Robert. Ele continuou: “Os ricos têm uma pegada de carbono maior do que os pobres, e os afrodescendentes são mais propensos a serem pobres neste país, sendo muitas vezes mais vulneráveis ao impacto das mudanças climáticas. Se ficar muito quente para se trabalhar fora, sabemos quem será afetado. Se falamos de ilhas de calor, sabemos quem não terá condições de deixar os aparelhos de ar condicionado permanentemente ligados”.

O Independent também escreveu sobre as visões de grupos ambientais sobre as relações entre a crise climática e o racismo.

Em tempo 1: O ex-vice presidente Al Gore declarou que a ação climática está ligada a igualdade e libertação racial.

Em tempo 2: COVID-19 mata 55% dos negros e 38% dos brancos internados no Brasil.

 

ClimaInfo, 4 de junho de 2020.

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