Dados preliminares apontam alta acentuada no desmatamento na Amazônia

8 de junho de 2020

Dados do sistema DETER de monitoramento do desmatamento da Amazônia indicam que o cenário que se desenha para este ciclo anual (de agosto de 2019 a julho de 2020) é preocupante. Comparando os últimos 12 meses, de junho do ano passado até maio de 2020, com o período anterior, os alertas de desmatamento dobraram – de 4.738 para 9.500. De agosto de 2019 até maio passado o crescimento nos alertas foi de 73% em relação a igual período anterior.

No Estadão, Giovana Girardi destaca que apenas entre agosto do ano passado e o dia 28 de maio os alertas de desmatamento registrados pelo DETER representam 92% do total registrado nos 12 meses anteriores. A matéria lembra que nem a pandemia de COVID-19, que atingiu fortemente a região amazônica, foi capaz de conter o desmatamento nos últimos meses. Ela ressalta também os problemas enfrentados por fiscais de órgãos ambientais, como o Ibama, que são pressionados pela ousadia cada vez maior dos criminosos ambientais e pela leniência do governo federal no combate a esses crimes.

“A trajetória [do desmatamento] é de crescimento acentuado com relação ao ano passado, que já foi um ano histórico em termos de crescimento [da destruição florestal]”, comenta a procuradora da República, Ana Carolina Haliuc Bragança, ao The New York Times. “Se os órgãos estaduais não adotarem medidas decisivas, podemos esperar por uma tragédia”. A matéria do jornal norte-americano destaca decisões problemáticas tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro Ricardo Salles, como a demissão dos agentes responsáveis por uma operação bem-sucedida contra garimpeiros ilegais no Pará em abril, e a insistência do governo federal em votar projetos que flexibilizam a regularização fundiária.

Em tempo 1: O “dilema” entre conservação ambiental e desenvolvimento econômico interessa apenas aos criminosos, que se aproveitam da confusão no debate público para avançar impunemente sobre áreas públicas de floresta, muitas vezes com a anuência explícita de autoridades locais, estaduais ou mesmo nacionais. Em artigo publicado no Estadão na sexta passada (5/6), Dia Mundial do Meio Ambiente, Paulo Barreto (Imazon), Marina Grossi (CEBDS) e André Guimarães e Marcello Brito (Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura) reforçam que é importante superarmos essa falsa dicotomia para que possamos criar as condições para um desenvolvimento econômico de forma alinhada com a proteção do meio ambiente. Isso passa por um esforço maior e mais articulado para combater a criminalidade que derruba a floresta e para apoiar atividades econômicas que ajudem em sua conservação.

Em tempo 2: Vale a pena ler a entrevista de Daniela Chiaretti com Adalberto Veríssimo, fundador e pesquisador sênior do Imazon, no Valor, na qual ele alerta que a devastação ambiental promove cada vez mais pobreza e miséria na Amazônia. “O desmatamento na Amazônia não está relacionado com o crescimento econômico. É fenômeno relacionado com a invasão de Florestas Públicas. Trata-se de roubo e invasão de Patrimônio Público”, aponta Veríssimo.

 

ClimaInfo, 8 de junho de 2020.

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