A desigualdade racial e social da mudança do clima

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A Media Matters levantou quantas vezes a imprensa norte-americana mencionou em suas coberturas dos desastres climáticos um dado que parece ser banal, mas que é bastante pertinente no atual contexto de discussão sobre desigualdade racial: o fato de que eventos como tempestades e furacões impactam muito mais pessoas pobres e marginalizadas, em sua maioria negras e de outras minorias raciais. Entre 2017 e 2019, nenhum dos 669 segmentos de noticiário sobre eventos climáticos nos EUA de canais privados destacou o fato. Apenas a PBS, uma emissora pública, fez matérias ressaltando essa situação.

Em meio à catarse que os EUA vivem desde o final de maio, por conta do assassinato de George Floyd por policiais em Minneapolis, a constatação ressalta como a desigualdade social se reflete não apenas nos danos que a mudança do clima causa às sociedades, mas também na reflexão pública sobre esses eventos por parte da imprensa.

“A mudança do clima é resultado de um legado de extração, de colonialismo, de escravidão”, aponta a ativista Elizabeth Yeampierre, copresidente da Climate Justice Alliance, uma rede que une mais de 70 organizações focadas no combate às desigualdades econômicas relacionadas com a crise climática: “Para nós, que fazemos parte do movimento de justiça climática, separar essas coisas é impossível”.

O jornal The New York Times fez uma matéria abrangente sobre como o movimento de justiça climática está se localizando e abraçando a luta por justiça racial e social nos EUA. Nessa linha, o comentário de Sam Grant, diretor executivo de uma organização social em Minnesota, chama a atenção: “A violência policial é um aspecto de um padrão mais amplo de violência, do qual a crise climática é uma manifestação”.

 

ClimaInfo, 10 de junho de 2020.

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