Queimadas podem acirrar colapso hospitalar na Amazônia

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Uma “tempestade perfeita” está se formando sobre a Amazônia. Com o desmatamento em alta e a chegada da temporada seca, o surgimento de focos de queimada pode ampliar a sobrecarga da rede de saúde local, já bastante estressada pela pandemia de COVID-19.

De acordo com os novos dados do IPAM, uma área de cerca de 4,5 km2 (três vezes a área do município de São Paulo) está pronta para ser queimada nos próximos meses, resultado da soma das áreas desmatadas desde o final de 2019 até agora.

A nota técnica do IPAM mostra também que, se o ritmo acelerado de desmatamento continuar nos próximos meses, quase 9 mil km2 poderão virar cinzas até a chegada da próxima estação chuvosa, no terço final de 2020. No ano passado, quando as queimadas colocaram a Amazônia no centro das atenções internacionais, os municípios localizados no entorno de áreas queimadas na região registraram uma grande piora da qualidade do ar, que ficou 53% mais poluído, o que levou centenas de pessoas com problemas respiratórios aos postos de saúde. Dessa vez, elas terão que dividir o pouco espaço da rede pública de saúde com os pacientes de COVID-19.

“Durante a temporada de fogo, extensas áreas da Amazônia têm qualidade do ar pior que no centro de São Paulo devido às queimadas. Isso tem forte efeito na saúde, especialmente em crianças e idosos, que são as populações mais vulneráveis”, comenta o físico Paulo Artaxo (USP), que colaborou com o trabalho. “Como a poluição das queimadas viaja por milhares de quilômetros, até índios isolados respiram uma atmosfera insalubre, muito acima dos padrões de qualidade do ar da OMS”.

Por essa razão, o IPAM pede que as autoridades federais e estaduais tomem medidas para prevenir os incêndios na Amazônia e evitar mais um desastre de saúde pública na região. “Uma não ação dos poderes públicos na prevenção do desmatamento e das queimadas poderá representar perdas de vidas humanas para além das previstas com a pandemia”, prevê Paulo Moutinho, um dos autores do estudo.

 

ClimaInfo, 9 de junho de 2020.

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