Frigoríficos não sabem se boi vem de áreas desmatadas no Cerrado

desmatamento Cerrado

Uma investigação conduzida pelo Repórter Brasil identificou áreas de desmatamento não autorizado em fazendas fornecedoras de gado para grandes empresas do país, como a JBS e a Marfrig. Esta é mais uma evidência da dificuldade – ou desinteresse? – que essas companhias têm em fazer o monitoramento de suas cadeias de fornecimento.

Desde 2009, as duas empresas são signatárias de um acordo com o Ministério Público Federal (MPF) que proíbe o abate de gado proveniente de Terras Indígenas, reservas ambientais e fazendas abertas sem permissão dos órgãos competentes.

“É inacreditável ainda não haver um sistema de rastreamento eficiente para carne e para grãos [no Cerrado]”, afirma André Guimarães, do IPAM. “Tecnologia existe. Know how existe. Sistemas de monitoramento para acompanhamento desse rastreamento existem. Não tem desculpa técnica para não fazer”.

Em tempo: Os dados da safra de soja 2018/2019 no Brasil apontam para o crescimento do cultivo em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia, em desrespeito à chamada Moratória da Soja, na qual traders se comprometeram a não comprar soja de fazendas instaladas em áreas desmatadas na região amazônica depois de 2008. De acordo com o Valor, o aumento observado na última safra foi o maior desde o começo da vigência da Moratória: a área de soja fora de conformidade com o acordo representou 7% da área de expansão da soja na Amazônia em 2018/2019. Para a sociedade civil, é preciso aprimorar a Moratória para inverter a tendência, com maior controle sobre a cadeia produtiva e verificação de fornecedores por parte das traders.

 

ClimaInfo, 17 de junho de 2020.

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