Os resultados do 1º mês da Operação Verde Brasil 2 (GLO) que tem mobilizado o Exército para combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia foram “inflados” no balanço do programa, que embutiu dados de ações do Ibama e de secretarias estaduais de meio ambiente sem conexão com os militares.
Como informa André Borges no Estadão, o balanço divulgado pelo Ministério da Defesa menciona a destruição de 104 tratores de esteira, escavadeiras e máquinas agrícolas. No entanto, quando questionada pelos termos de destruição destes itens, a pasta informou que, na realidade, foram destruídos apenas 27 equipamentos desse tipo. Outro exemplo: o balanço da GLO informa que 14 mil metros cúbicos de madeira foram apreendidos. A reportagem pediu os termos de apreensão dessa madeira e onde ela estaria depositada, mas a Defesa não ofereceu qualquer informação.
A matéria destaca também a diferença no custo-efetividade da GLO, que está orçada em mais de R$ 60 milhões: a operação realizada pelo Ibama na Terra Indígena Ituna-Itatá (PA), em abril passado, teve o custo total de R$ 1,3 milhão. Como resultado, o território saiu da posição de região mais desmatada em 2019 para desmatamento zero a partir de março de 2020. Enquanto isso, mesmo com o investimento massivo da Verde Brasil 2, o desmatamento na Amazônia seguiu crescendo em maio, completando 13 meses consecutivos de alta.
Em tempo: no sábado (20/6), o Jornal Nacional informou que a Polícia Militar de Rondônia suspendeu o apoio a operações de combate ao desmatamento, alegando “exposição das guarnições policiais militares a riscos desnecessários, decorrentes da revolta da população circunvizinha às inutilizações e daqueles que veem seus bens destruídos pelo fogo”. A atuação dos policiais militares é fundamental para que agentes do Ibama e de outros órgãos ambientais possam realizar operações contra crimes ambientais na floresta. Questionado pela matéria, o comando da PM do estado afirmou que as ações devem ser retomadas ainda nesta semana.
ClimaInfo, 22 de junho de 2020.
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