Mortalidade da COVID-19 entre indígenas da Amazônia Legal é 150% maior que a média nacional

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Uma análise feita pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e pelo IPAM mostrou que o coronavírus está sendo muito mais mortal entre os Povos Indígenas do que na média da população geral brasileira.

De acordo com a análise, a taxa de mortalidade da COVID-19 entre os indígenas (número de óbitos por 100 mil habitantes) é 150% mais alta do que a média brasileira, e 20% mais alta do que a registrada somente na região Norte (que é, por sua vez, a mais elevada entre as cinco do país). Já a taxa de infecção pela doença entre os indígenas é 84% mais alta se comparada com a média nacional. A análise foi feita em cima dos dados de contágio e mortes mantido pela COIAB com as comunidades indígenas, complementando as informações oficiais registradas pelo Ministério da Saúde.

A pandemia vem avançando rapidamente entre os Povos Indígenas. No início de maio, 13 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) registravam pelo menos um caso de COVID-19; um mês depois, no começo de junho, os registros alcançaram 21 dos 26 DSEIs que cobrem a Amazônia Legal.

Entre os fatores que explicam essa distorção negativa dos efeitos da pandemia sobre os indígenas, destacam-se a falta de acesso e de infraestrutura de atendimento médico, as invasões de terra por agentes externos (como garimpeiros) e o desmatamento.

Em tempo: Não bastava a pandemia e a falta de acesso aos serviços de saúde, os indígenas Guarani que vivem na região do Pico do Jaraguá, em São Paulo, foram atingidos também por um grande incêndio no último domingo (21/6). Durante o dia inteiro, vídeos circularam nas redes sociais denunciando a omissão do Corpo de Bombeiros, que alegou ter tido dificuldades de acesso à área afetada, o que deixou a comunidade à própria sorte contra o fogo.

O episódio reflete a precariedade da situação dos indígenas Guarani que vivem em TIs na cidade de São Paulo, que sofrem com a falta de saneamento básico e fornecimento de água, o que prejudica os esforços de prevenção de contágio do novo coronavírus nas aldeias.

 

ClimaInfo, 24 de junho de 2020.

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