Noruega brinca de “faça o que eu digo, não o que eu faço” com investimentos de energia

Noruega

A despeito de seus compromissos climáticos internacionais, o governo da Noruega planeja expandir a exploração de petróleo no Ártico, o que levanta preocupações por parte de ambientalistas. Na semana passada, a ministra de petróleo e energia do país, Tina Bru, defendeu a proposta, argumentando que ela gerará empregos e renda para as famílias do país, ajudando a Noruega a compensar os efeitos da pandemia sobre a economia nacional. O governo deve leiloar 136 novos blocos de exploração de petróleo, sendo que 135 deles estão no Mar de Barents. A Noruega é o maior produtor de petróleo da Europa ocidental e possui o maior fundo soberano do mundo, no valor de US$ 1 trilhão, alimentado com recursos da indústria petrolífera.

A resposta dos ambientalistas foi contundente. “A política do governo [da Noruega] para o petróleo é tão insanamente irresponsável que é difícil de encontrar palavras”, disse Silje Ask Lundberg, chefe do escritório norueguês da Friends of the Earth. Para Frodo Pleym, chefe do Greenpeace Noruega, a proposta do governo é um choque. “O governo tem todas as informações possíveis sobre a crise climática e escolhe ignorar todos os conselhos dos especialistas. Eles optaram por abrir os vastos mares do Ártico para o petróleo. Isso mostra que o governo é completamente cego à realidade e surdo à ciência do clima”, disse Pleym.

Em tempo: Enquanto isso, um novo relatório afirma que o ambicioso plano da Noruega para captura e armazenamento de carbono pode acabar em um “desastre financeiro”. O custo provável para construção e operação deste projeto ao longo de dez anos – a maior parte, com financiamento do governo do país – é estimado em até US$ 2,6 bilhões. Pelo projeto, o CO2 de uma ou duas plantas industriais do país seria capturado e transportado em navios e gasodutos para estocagem subterrânea no Mar do Norte. Para que seja rentável, as emissões de CO2 deveriam valer 10 vezes mais do que valem hoje. O relatório recomenda ao governo que selecione apenas uma área, uma fábrica de cimento em Brevik, para reduzir custos e facilitar o retorno do investimento.

 

ClimaInfo, 29 de junho de 2020.

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