Cidadãos nigerianos de comunidades do delta do Níger entraram com processo na Suprema Corte do Reino Unido contra a petroleira Shell, acusando-a de causar poluição significativa e sistemática decorrente da extração de petróleo na região.
De acordo com a acusação, as atividades da Shell causaram a contaminação de poços d’água com produtos químicos potencialmente causadores de câncer, bem como a devastação da vegetação de mangue, conforme documentado em relatório do PNUMA publicado em 2011.
A Nigéria é o maior produtor de petróleo da África e depende do produto para cerca de metade da receita do governo e 90% dos ganhos do país na balança comercial. No entanto, milhares de derramamentos ao longo de décadas destruíram os meios de subsistência de comunidades de pescadores e agricultores no sudeste do país, incluindo mais de 40 mil pessoas das comunidades de Bille e Ogale, que entraram na justiça.
Para a empresa, a contaminação não é resultado de suas operações, mas de episódios de roubo de combustível. Além disso, a Shell rejeita que a corte britânica permita a tramitação do processo, já que esta não teria jurisdição sobre a região afetada. Já para os representantes das comunidades nigerianas, o processo no Reino Unido é a única esperança de justiça, pois o poder judiciário da Nigéria foi incapaz de responder à situação.
Em tempo: A Shell anunciou ontem (30/6) que deve registrar uma baixa contábil de entre US$ 15 bilhões e US$ 22 bilhões no 2º trimestre de 2020, depois de reduzir suas expectativas de preço do petróleo e do gás para os médio e longo prazos. De acordo com a empresa, o acordo de unificação de exploração do Campo de Lula, no Brasil, deve causar uma perda adicional de US$ 500 milhões. A revisão das projeções sobre os preços futuros dos combustíveis se deve aos efeitos da pandemia de COVID-19, que derrubou a demanda nos últimos meses e que deve seguir afetando o consumo de petróleo nos próximos meses e até anos. No mês passado, a BP fez a mesma revisão nas expectativas futuras do mercado, o que causou uma depreciação de até US$ 17,5 bilhões em seus ativos.
ClimaInfo, 01 de julho de 2020.
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