A instabilidade econômica causada pela crise do mercado internacional de petróleo e gás e pela pandemia de COVID-19 parece ter sido um “tiro de misericórdia” no projeto de exploração de óleo e gás de xisto de Vaca Muerta, na Argentina.
Um informe recente da agência IEEFA destacou que, mesmo antes da pandemia, a situação de Vaca Muerta não era exatamente boa – a falta de investidores internacionais sempre foi um problema, o que forçou o governo argentino a atuar por meio da estatal YPF e de incentivos e subsídios generosos para as companhias que operam na região. Com a crise econômica precipitada pela pandemia, o cenário piorou consideravelmente. “A deterioração da situação financeira [da Argentina] forçou o governo a conter os subsídios, e as empresas estrangeiras vêm reduzindo seus compromissos de investimento após a pandemia e a forte queda nos preços do petróleo”, aponta o relatório.
A análise destaca que a crise em Vaca Muerta oferece uma “oportunidade única” para o governo argentino mudar o rumo de sua política energética e evitar os erros cometidos no passado durante a exploração da bacia do Permiano, nos EUA. “Essas descobertas e os números recentes de produção indicam que o Plano Argentino de Energia, formulado em 2018 pela gestão Macri, não se sustenta”, disse Tom Sanzillo, coautor do relatório. “O novo governo da Argentina [Alberto Fernández, no poder desde dezembro] tem a oportunidade de considerar abordagens alternativas para satisfazer as necessidades de energia do país e promover a recuperação econômica”.
Em tempo: A Chesapeake Energy, pioneira no fracking de gás de xisto nos EUA, pediu falência na semana passada, depois de acumular dívidas bilionárias ao longo da última década. A empresa foi instrumental para transformar os EUA em um grande exportador do combustível. No entanto, decisões de investimento pouco inteligentes e a queda nos preços do gás de xisto geraram um débito que inviabilizou a operação da empresa.
ClimaInfo, 2 de julho de 2020.
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