Em busca da melhoria da imagem do Brasil, Mourão juntou um grupo de ministros para elaborar uma “estratégia de comunicação” que responda às críticas de investidores e empresários internacionais. De acordo com Eliane Oliveira n’O Globo, o grupo é composto por Tereza Cristina (Agricultura) e Braga Neto (Casa Civil), além dos presidentes do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da Agência de Promoção de Exportações (Apex Brasil), Ricardo Segóvia.
A mensagem central é a antecipação de ações para se evitar a propagação dos incêndios e o aumento do desmatamento que conta com o apoio das forças armadas. O objetivo é minimizar o impacto da polêmica fala do ministro Ricardo Salles, quem propôs aproveitar a pandemia para “passar a boiada” da desregulamentação ambiental. Aliás, a possível presença de Salles na videoconferência com investidores internacionais foi recebida com surpresa, já que a fala dele serviu de catalisador para a intensificação das críticas ao Brasil.
Enquanto Mourão tenta reduzir os danos, Guedes tem sido menos diplomático. Em audiência virtual no Congresso, o ministro da economia disse enxergar um certo “oportunismo protecionista” nas críticas de países como França e Holanda à política ambiental brasileira.
“Estão na verdade disfarçando velhas teses protecionistas contra o Brasil, jogando pecha independentemente de haver embasamento factual ou não. Vamos proteger o meio ambiente sem cair na armadilha de outros países em falar mal do Brasil”, disse Guedes – que não esclareceu a falta de “embasamento factual”. Estadão, UOL e O Globo destacaram a fala de Guedes.
E, assim, a ratificação do acordo comercial Mercosul-União Europeia parece cada vez mais distante. Até agora, três Parlamentos (Áustria, Holanda e o da região da Valônia, na Bélgica) já decidiram não dar aval ao acordo, decisões justificadas pela política ambiental de Bolsonaro estar causando destruição do meio ambiente.
Nem mesmo a chegada da Alemanha de Merkel, que é favorável ao acordo comercial com o Mercosul, à presidência semestral do Conselho da UE parece ser suficiente para que o bloco renove o ímpeto de aprovação do texto – sem falar na oposição declarada da França de Macron.
Em tempo: Auxiliares e parlamentares do chamado “Centrão” aconselham Bolsonaro a substituir Ricardo Salles e Ernesto Araújo. De acordo com o Estadão, ainda que ambos sejam bem vistos dentro do governo – e pelos apoiadores mais radicais do bolsonarismo – os dois ministros são considerados “problemáticos” para o avanço de acordos comerciais internacionais.
ClimaInfo, 01 de julho de 2020.
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