Mudança do clima pode tornar “nuvens de gafanhotos” mais frequentes

nuvens de gafanhotos Brasil

A semana começou no Brasil com uma notícia pitoresca: a chegada potencial de uma “nuvem de gafanhotos” ao sul do país, vinda do Paraguai e da Argentina, que poderia ameaçar a agricultura na região. As condições climáticas ao longo da semana, com a chegada de uma frente fria e a formação do ciclone bomba nos litorais gaúcho e catarinense, garantiram que a praga não atravessasse a fronteira para o lado brasileiro. No entanto, não devemos respirar totalmente aliviados: a mudança do clima pode tornar essas “nuvens” muito mais frequentes.

“O calor favorece as nuvens migratórias porque os gafanhotos são ajudados pelas térmicas e voam mais alto e mais longe. Mas não é só o calor: são as alterações abruptas [de clima]”, explica a historiadora ambiental Valéria Fernandes ao jornal O Globo. De acordo com ela, essas pragas foram controladas no passado com o uso maciço de agentes químicos, pulverizados por aviões agrícolas a partir da década de 1950. Isso foi eficiente no seu controle, mas ao custo de graves impactos à saúde humana e à diversidade biológica local.

Na semana passada, o Ministério da Agricultura publicou uma portaria declarando estado de emergência fitossanitária no RS e em SC. A medida, que tem duração de um ano, autoriza a importação de agrotóxico e flexibiliza seu uso. Como informa a Repórter Brasil, o documento oferece uma brecha legal para que substâncias ainda não autorizadas sejam aplicadas para o controle de gafanhotos.

 

ClimaInfo, 3 de julho de 2020.

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