Dezenas de corporações pedem a Mourão combate ao desmatamento na Amazônia

carta CEOs

Executivos e CEOs de 38 grandes empresas nacionais e estrangeiras enviaram ontem (7/7) uma carta ao vice-presidente Mourão pedindo providências urgentes contra o desmatamento ilegal e alertando sobre o impacto que a crise ambiental está causando na imagem e nos negócios do Brasil no resto do mundo.

Daniela Chiaretti destaca no Valor que é a 1ª vez que lideranças empresariais se manifestam coletivamente e pedem ações socioambientais efetivas durante o governo Bolsonaro. Para os signatários, a campanha de propaganda que vem sendo montada pelo governo para responder às críticas no exterior será um desperdício de dinheiro público se não for acompanhada por medidas concretas para mudar a situação.

“Esse grupo acompanha com maior atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia”, diz a carta, assinada por executivos de empresas como Ambev, Microsoft e Cargill, além de bancos como Bradesco e Itaú. “Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país”.

“O que vemos é um divisor de águas, várias instituições e presidente de empresas à frente de uma preocupação que interessa a toda a sociedade”, afirmou Marina Grossi, presidente do CEBDS e articuladora da carta, a’O Globo. “Combater o desmatamento melhora o ambiente de negócios, o nosso modelo de desenvolvimento e a atração de investimentos.

Com a carta, grandes empresas com negócios no Brasil reforçam a preocupação com os efeitos econômicos do descalabro ambiental observado atualmente no país. Tudo isso aumenta a pressão sobre o governo para mudar sua política ambiental. Como bem destaca Carlos Bocuhy, em artigo no Estadão, o momento é de reflexão e de resposta efetiva à crise ambiental. “A natureza não perdoa. É preciso acionar o freio de arrumação. É preciso um plano de efetiva intervenção nesta realidade que, para além de limites aceitáveis, já se tornou crônica. É preciso dar um basta na destruição da Amazônia, além de se resgatar os caminhos da sustentabilidade continental e global”.

A Reuters também destacou a carta dos empresários ao governo Bolsonaro em português e em inglês. A AP também distribuiu matéria internacional sobre a carta empresarial.

Em tempo 1: Mourão deve ser ouvido pelo Senado remotamente na próxima 3a feira (14/7). O requerimento aprovado ontem foi apresentado pela coordenadora da Frente Ambientalista, Senadora Eliziane Gama, por conta do aumento do desmatamento da Amazônia.

Em tempo 2: O Ministério Público de Contas pediu ao Tribunal de Contas da União a investigação da execução financeira da Operação Verde Brasil 2 na Amazônia. De acordo com André Borges, no Estadão, os procuradores querem verificar se a ação tem sido realizada “de modo a atender interesses públicos, com eficiência e responsabilidade”. Ontem, destacamos aqui que a operação executou apenas 0,7% de seu orçamento de 60 milhões de reais em pouco mais de seis semanas, o que tem causado problemas para militares e fiscais que estão em campo combatendo ilegalidades.

 

ClimaInfo, 8 de julho de 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)