Metade do desmatamento relacionado à pecuária de exportação se concentra em apenas 2% dos municípios produtores

pecuária

Na semana passada, destacamos aqui algumas conclusões do levantamento feito pela iniciativa Trase sobre os impactos ambientais das cadeias de suprimento das principais commodities agrícolas. Os dados apontam para uma grande concentração entre as exportadoras de commodities, com cinco traders sendo responsáveis por mais da metade das vendas de soja de Brasil, Argentina e Paraguai para o exterior em 2018, e reforçam o peso da exportação de carne bovina para a China dentro das cadeias associadas a desmatamento ilegal na Amazônia e no Cerrado.

Na Folha, Ana Carolina Amaral destaca outro dado importante do levantamento: de acordo com a Trase, pouco mais da metade do desmatamento associado a cadeias de exportação de commodities no Brasil está concentrada em apenas 2% dos municípios produtores de carne no país, e em apenas 1% deles no caso da soja.

O cruzamento desses dados revela um descompasso entre as regiões que concentram o desmatamento e aquelas que respondem pela maior parte das exportações. A região do chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), de transição entre Amazônia e Cerrado, responde por 88% do desmatamento associado às exportações de soja em 2018. No entanto, ela forneceu apenas 9% da soja importada pela China e 7% pela União Europeia no mesmo ano. Mesmo assim, a soja produzida no Matopiba representa 77% do risco de exposição a desmatamento no caso dos chineses e 61% no dos europeus.

 

ClimaInfo, 8 de julho de 2020.

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