O alinhamento total com os EUA de Trump tem sido a principal linha orientadora da política externa de Bolsonaro e Ernesto Araújo. Ainda que os frutos desse “relacionamento especial” sejam no mínimo duvidosos, o governo brasileiro não parece disposto a mudar. O problema é que tudo pode ser jogado fora caso o eleitorado norte-americano decida tirar Trump do poder nas eleições de novembro.
Pesquisas recentes indicam uma liderança relativamente folgada do democrata Joe Biden sobre Trump. Mesmo em estados tradicionalmente republicanos, como Texas e Georgia, o ex-vice de Obama aparece em posição confortável. Uma derrota de Trump parece não apenas viável, mas muito provável. Neste cenário, como ficaria a posição do Brasil no tabuleiro internacional?
Na BBC Brasil, Mariana Sanches ouviu especialistas em relações internacionais sobre os cenários possíveis para a política externa brasileira no caso de derrota de Trump. Para Abrão Árabe Neto, vice-presidente executivo da Câmara Americana de Comércio (Amcham) no Brasil, “é certo que a agenda de meio ambiente, direitos humanos e direitos trabalhistas que não está na mesa hoje na relação dos dois presidentes deve ser incorporada às discussões bilaterais caso Biden vença”.
A atuação de parlamentares democratas no Congresso dos EUA contra a política ambiental de Bolsonaro também aponta para um recrudescimento da relação entre EUA e Brasil na seara ambiental. Biden já afirmou que pretende ajudar na preservação da Amazônia e no combate às queimadas na região, calcanhar-de-Aquiles de Bolsonaro no plano internacional desde o ano passado.
Auxiliares de Bolsonaro começam a trabalhar discretamente com essa possibilidade, como informa a Folha. Eles especulam que, neste caso, a permanência de Ernesto Araújo, representante da ala “ideológica” do governo e negacionista da crise climática, à frente do Itamaraty seria inviável e que o governo sofreria pressão redobrada do exterior para mudar sua política para meio ambiente e direitos humanos.
ClimaInfo, 8 de julho de 2020.
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