Yanomamis criticam ação antipandemia do Exército

COVID-19 exército indígenas

Lideranças da etnia Yanomami contestam a forma como o Exército realizou uma operação de combate à COVID-19 em sua Terra Indígena no último dia 29. O Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para averiguar se a missão não representou risco de contágio para os indígenas.

“Estamos muito revoltados da forma como foi feito. A gente não foi consultado. Por isso, de imediato, mandei documento para o MPF de Roraima”, disse à Agência Pública Junior Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-Y). De acordo com os indígenas, os militares não respeitaram regras de distanciamento social durante a operação e utilizaram a ocasião para fazer propaganda, e não para prevenir as aldeias locais contra a pandemia.

O jornal O Globo revelou ontem (7/7) que o Ministério da Saúde distribuiu comprimidos de cloroquina nas TI Yanomami e Raposa Serra do Sol como parte do kit anti-COVID-19, mesmo sem qualquer evidência científica sobre a eficácia deste remédio no tratamento da doença. “Considero um tremendo absurdo a realização de uma ação estapafúrdia como esta, promovida pelo governo federal com o claro objetivo de desovar um lote de 66 mil comprimidos de cloroquina, entre uma população reconhecidamente vulnerável”, disse o médico Paulo Basta, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, a’O Globo.

O descaso do governo com os Povos Indígenas também se reflete no apoio limitado prestado pela União à subsistência durante a pandemia. Um terço das 130 mil cestas básicas que deveriam ser destinadas para aldeias indígenas na Amazônia ainda não foi distribuído pelo governo federal.

 

ClimaInfo, 8 de julho de 2020.

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