Mourão tenta dar respostas hoje às críticas de investidores e empresários ao desmatamento da Amazônia

mourão investidores

A conversa do governo com investidores sobre a Amazônia, prevista para hoje, não deve trazer coisas novas à mesa por parte do Planalto.

No Estadão, Marianna Holanda e Mariana Haubert informam que o tom do vice-presidente será de “mea culpa”, mas sem apresentar qualquer tipo de meta relativa ao desmatamento no curto prazo. Além disso, a ministra Tereza Cristina deve reforçar na conversa que a produção agropecuária brasileira que é exportada não tem relação com a destruição da floresta. Já pelo lado dos investidores e empresários, o grupo deve levar dados atualizados sobre a devastação ambiental e cobrar medidas concretas do governo Bolsonaro.

Outro ponto que deve fazer parte da conversa é o PL 2.633, que pretende flexibilizar as regras para regularização fundiária, um dos alvos das críticas de investidores. Mourão pretende mostrar que as mudanças feitas na proposta com relação aos pontos originalmente defendidos pelo governo na extinta MP 910 são indício de que a política ambiental do governo “mudou”, como informa Cristiana Lôbo em seu blog no G1.

Desde o começo da semana, Mourão tem buscado atenuar o impacto das críticas e se aproximar dos investidores críticos à política ambiental. A carta de executivos e empresários reforçando as críticas contra a política ambiental, divulgada na 3ª feira (7/7), reforçou para o governo a urgência de uma solução rápida para a crise.

A conversa com investidores deve ser seguida de uma estratégia de marketing internacional, alimentada por uma espécie de “tropa de choque”, como destaca o Metrópolis, montada por Mourão dentro do governo para organizar informações e planos de ação de interesse para os parceiros internacionais. De acordo com Ancelmo Gois n’O Globo, a mega-agência de relações públicas Hill+Knowlton foi contratada pelo Planalto para pilotar a campanha. A Folha também publicou matéria sobre esta estratégia de marketing.

Na paralela se discute, a partir de proposta da ministra da agricultura, a adoção oficial de uma meta de “desmatamento zero” para a Amazônia. De acordo com José Antônio Severo, no portal Os Divergentes, a ideia foi apresentada pelos ex-ministros Luís Fernando Cirne Lima, Alysson Paulinelli, Pratini de Moraes e Roberto Rodrigues, representantes de grupos importantes do agronegócio brasileiro.

Em tempo: A manchete do De Olho Nos Ruralistas é certeira: “Desmatadores entregam carta a Mourão pelo fim do desmatamento”. De fato, entre os signatários da carta encaminhada a Mourão nesta semana estão empresas como Vale, Cargill, Marfrig e Santander, que constam na lista dos maiores multados pelo Ibama nos últimos 25 anos por crimes contra a flora. Essas empresas somam mais R$ 95 milhões (sem correção monetária) em autuações desde 1995. Pode ser bom que – com seus negócios ameaçados – elas tenham adquirido consciência da gravidade da crise ambiental.

 

ClimaInfo, 9 de julho de 2020.

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