Elogiado por Mourão, Salles segue na mira da Justiça e da sociedade civil

Mourão desculpa salles

O ministro Ricardo Salles, quem passa atualmente por uma espécie de “fritura política”, foi defendido pelo vice-presidente Mourão na coletiva de imprensa feita após a videoconferência de ontem pela manhã com investidores internacionais.

De acordo com Mourão, as críticas a Salles são “injustas” e o ministro segue tendo a confiança do governo: “Eu fiz questão de afirmar aqui que ele [Salles] tem a total confiança do presidente e minha também, porque eu tenho acompanhado o trabalho dele, especialmente aqui no Conselho da Amazônia (…) E mais uma vez eu deixo claro: todos nós estamos sujeitos a críticas, não somos pessoas infalíveis, mas parcela das críticas que são feitas ao ministro, na minha opinião, são injustas”.

Enquanto Mourão elogiava Salles, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou à Procuradoria Geral da República (PGR) que se manifeste sobre uma ação encaminhada por um grupo de parlamentares, ação que pede abertura de inquérito contra o ministro do meio ambiente. De acordo com os parlamentares, a fala de Salles na reunião ministerial de 22 de abril, quando ele defendeu usar a pandemia para “passar a boiada” da flexibilização do regramento ambiental, expôs intenções que podem ser enquadradas como crimes pelo Código Penal.

No começo da semana, o Ministério Público Federal (MPF) pediu o afastamento de Salles por suspeitas de práticas de improbidade administrativa. O Correio Braziliense destaca da ação a afirmação do MPF que medidas tomadas por Salles no Ministério do Meio Ambiente que resultaram em prejuízo ambiental para o país foram avalizadas pelo presidente Jair Bolsonaro – quem, por sua vez, não é alvo da ação.

No UOL, Igor Mello complementa esta análise apontando 14 atos de Salles que, na visão dos procuradores da República, configurariam improbidade administrativa. Já a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ontem a extinção do processo contra o ministro.

Por ora, Salles segue alheio a tudo isso. No Diário do Poder, Claudio Humberto afirma que o ministro identifica ONGs e ativistas que “perderam poder e dinheiro no atual governo” estão por trás das críticas recentes ao seu trabalho.

Em tempo 1: A Justiça Federal no Pará suspendeu na última 4ª feira (8/7) o decreto do presidente Bolsonaro que transferia o Serviço Florestal Brasileiro do Ministério do Meio Ambiente para o da Agricultura, o qual ficou com a responsabilidade de formular estratégias, políticas, planos e programas de gestão florestal de áreas públicas. Pela decisão do juiz federal substituto Henrique da Cruz, da 1ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Pará, a competência e a estrutura de cada ministério deve ser prevista em lei, e não em decreto. Cabe recurso.

Em tempo 2: Salles é alvo de duas campanhas pela sua imediata exoneração. Até ontem às 19h, a campanha #TchauSalles tinha angariado mais de 32 mil assinaturas em 24h, enquanto o abaixo assinado na plataforma Change.org contabilizava 225 mil assinaturas.

 

ClimaInfo, 10 de julho de 2020.

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