A insustentabilidade climática da produção de carne bovina e de laticínios

pecuária

A grande pecuária é tão prejudicial para o planeta quanto a indústria de combustíveis fósseis, mas as instituições financeiras continuam aplicando recursos e investimentos no setor, viabilizando desmatamento e emissões de gases de efeito estufa.

De acordo com o novo relatório da organização britânica Feedback, divulgado na semana passada, entre janeiro de 2015 e 30 de abril de 2020, as 35 maiores empresas de carne e laticínios do mundo receberam US$ 478 bilhões em investimentos do setor privado. Ao mesmo tempo, as cinco maiores companhias destes setores – JBS, Tyson, Cargill, Dairy Farmers of America e Fonterra, emitiram juntas mais gases de efeito estufa do que a ExxonMobil.

Os autores apontam para a incongruência de instituições financeiras, como HSBC, Barclays e BNP Paribas, que possuem compromissos relacionados à mudança do clima e ao combate ao desmatamento, mas que seguem investindo em setores econômicos com alto impacto em termos de emissões de carbono e destruição florestal.

No Brasil, o relatório mostra que as empresas brasileiras de carne Marfrig e Minerva receberam, apenas do HSBC, mais de US$ 1,8 bilhão em empréstimos, sendo que a instituição detinha, em abril de 2020, ações avaliadas em cerca de US$ 9 milhões da JBS.

Business Green e The Guardian abordaram as conclusões deste relatório.

Em tempo: Um novo estudo publicado pela Nature Food mostra que a quantidade de nitrogênio emitida apenas pela pecuária supera os limites do planeta para o ciclo deste elemento. A análise foi conduzida por pesquisadores da FAO, que descobriram que o setor pecuário responde por cerca de ⅓ de todas as emissões de nitrogênio decorrente de atividades humanas. As emissões da pecuária totalizam cerca de 65 teragramas (Tg) de nitrogênio por ano. Isso significa que somente a produção de carne e laticínios ultrapassa o limite inferior de 62 a 82 Tg por ano considerado “suportável” para emissões de nitrogênio. A partir desses dados, os autores recomendam a redução do consumo desses produtos, particularmente nas nações mais ricas. A revista New Scientist detalhou os principais pontos do estudo.

 

ClimaInfo, 14 de julho de 2020.

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