Ex-ministros da Fazenda recomendam retomada “verde” da economia e desmatamento zero

14 de julho de 2020

Uma mobilização inédita reuniu ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central de diversas gestões para apresentar recomendações ao governo federal para uma recuperação econômica verde no Brasil. Para o grupo, a crise econômica causada pela pandemia precisa ser encarada como uma oportunidade para promover um desenvolvimento econômico sólido, alinhado aos objetivos nacionais e internacionais de redução de emissões de carbono.

O manifesto “Uma Convergência Necessária: Por Uma Economia de Baixo Carbono” foi apresentado ontem (14/7) e é assinado por 17 nomes que ocuparam os principais cargos na economia brasileira: os ex-presidentes do BC Alexandre Tombini, Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Ilan Goldfajn e Pérsio Arida, e pelos ex-ministros da Fazenda Eduardo Guardia, Gustavo Krause, Henrique Meirelles, Joaquim Levy, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Maílson da Nóbrega, Marcílio Moreira, Nelson Barbosa, Pedro Malan, Rubens Ricupero e Zélia Cardoso de Mello, além do ex-presidente da República e ex-ministro Fernando Henrique Cardoso.

O grupo propõe quatro princípios para descarbonizar a economia brasileira e, simultaneamente, aumentar sua produtividade: alcançar a economia de baixo carbono, com foco na transição energética; zerar o desmatamento na Amazônia e no Cerrado; aumentar a resiliência climática do Brasil, com medidas de adaptação climática; e impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias.

Poucas horas depois do anúncio, o Ministério da Economia respondeu com uma nota oficial que repete alguns argumentos frequentemente explorados pelo governo Bolsonaro para contestar críticas relacionadas ao meio ambiente, como o Brasil ser um dos países que mais possui áreas preservadas. O texto contesta também que a intensificação das queimadas e do desmatamento tenha afetado o fluxo de investimentos externos no país. Felizmente, o Fakebook.eco fez um fact-check dos principais pontos da nota, destacando inverdades, falácias e o uso de dados errados sobre emissões.

Um dia antes, na 2ª feira (13/7), o tom do ministro Paulo Guedes em um evento da OCDE foi um pouco diferente do usado na nota. Em sua fala, ele reconheceu que o país sofre com problemas na área ambiental e se comprometeu com ações de combate ao desmatamento. “O Brasil é um país que alimenta o mundo preservando seu meio ambiente. Se há excessos e erros, corrigiremos. Ou melhor dizendo, não aceitaremos o desmatamento ilegal e a exploração ilegal de recursos”, disse o ministro. “Nós pedimos compreensão à comunidade mundial. Muita gente se esconde atrás de políticas protecionistas para seus próprios recursos naturais, sua agricultura, condenando o Brasil. Há interesses protecionistas condenando o Brasil, em vez de ajudando o Brasil”. Folha e Estadão destacaram a fala de Guedes.

O manifesto dos ex-ministros e ex-presidentes do BC foi amplamente divulgado na imprensa, com destaques nos Valor Econômico, Folha, Estadão, O Globo, G1, Exame e Reuters.

 

ClimaInfo, 15 de julho de 2020.

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