Governo federal contrata empresa de táxi aéreo suspeita de atuar em garimpo ilegal em Terra Indígena

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N’O Globo, Vinicius Sassine informa que o ministério da saúde pagou mais de R$ 24 milhões a uma empresa de táxi aéreo que tem como sócio um empresário suspeito de atuar com transporte de mercadorias de garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Yanomami.

A Icaraí Turismo foi contratada pelo governo federal para fazer o transporte de profissionais de saúde e indígenas durante a pandemia. No entanto, a matéria ressalta que a empresa está proibida desde o último dia 17 de operar voos por decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). De acordo com o órgão, a empresa “não demonstrou possuir controle sobre a qualificação de seus tripulantes, permitindo que estes tripulem aeronaves sem estarem aptos”.

Um de seus sócios, Rodrigo Martins de Mello, também está arrolado no inquérito da Operação Tori – que resultou na prisão recente de Pedro Emiliano Garcia, condenado por genocídio de Yanomamis nos anos 1990 – sob acusação de que aeronaves de sua propriedade estão sendo utilizadas por garimpeiros para retirar o ouro explorado ilegalmente em área indígena.

A intensificação da atividade garimpeira na TI Yanomami nos últimos meses coincidiu com a chegada da COVID-19 às aldeias da região. Na EFE, Alba Santandreu destaca que a presença dos garimpeiros na reserva, estimados em cerca de 20 mil, tornou-se sinônimo de violência, prostituição, doença, desmatamento e poluição. Tudo isso coloca os Yanomamis como uma das etnias mais ameaçadas do Brasil no contexto da pandemia, já que os garimpeiros estão servindo como vetores de contágio nas aldeias, como bem ressalta Naiara Gortázar no El País Brasil.

Em tempo 1: O presidente Jair Bolsonaro foi denunciado ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU por descaso na proteção dos Povos Indígenas durante a pandemia. O ofício do senador Fabiano Contarato cita os vetos recentes que desobrigaram o governo federal a fornecer água potável, materiais de higiene e limpeza, e meios de comunicação. No nível nacional, segue o processo aberto no STF por grupos indígenas contra o presidente. A BBC Brasil sintetizou os principais pontos da acusação e as debilidades da resposta oficial da União à crise até agora.

Em tempo 2: Mesmo com a escalada da pandemia no Brasil, que exige mais do que nunca acesso a recursos básicos como água potável, o governo federal diminuiu brutalmente o ritmo de construção de novas cisternas no sertão nordestino. De acordo com o UOL, o ritmo de implementação do Programa Cisternas caiu 78% neste ano em comparação com 2019, sendo que o ano passado já havia registrado o menor número de equipamentos construídos desde o início do projeto, em 2003. Sem acesso à água, a prevenção da pandemia fica comprometida na região, uma das mais pobres do país.

 

ClimaInfo, 15 de julho de 2020.

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