A pandemia de COVID-19 colocou em xeque o modelo de transporte público de massa, tido como uma das ferramentas mais importantes no esforço para descarbonizar a mobilidade urbana. Com o risco de novas pandemias desse tipo se repetirem no futuro, especialistas e gestores estão sendo desafiados a repensar o modelo, adaptando-o a uma realidade que dependa menos de aglomerações.
Quatro meses depois do começo da pandemia, o fluxo de transporte de passageiros em sistemas massivos segue muito reduzido. Em São Paulo, por exemplo, a demanda dos sistemas de trem e metrô chegou a cair 80% no auge da pandemia e hoje está em torno de 34% do volume de viagens que era realizado antes da crise. Matéria da Folha mostra que o setor acumula R$ 4 bilhões em perdas de receita e, em algumas cidades brasileiras, sofre o risco de parar por falta de pagamento. No Rio de Janeiro, o serviço de metrô, que é operado por uma empresa privada sem subsídios, pode ser forçado a parar depois de agosto por falta de caixa.
Nos Estados Unidos, o cenário é similar. Cidades como Nova York, Chicago e São Francisco sofrem com a queda na demanda por transporte público de massa, o que compromete a viabilidade de suas operações no curto prazo. O jornal The New York Times diz que a situação é preocupante para quem trabalha no setor, pois vivem sob o atual risco de perda de empregos.
No longo prazo, o cenário também é preocupante. A queda na demanda por transporte de massa pode se refletir em um aumento no uso de veículos particulares nas grandes cidades, revertendo uma tendência que vinha sendo construída com muita luta nas últimas décadas para privilegiar o transporte público. Em termos climáticos, este caminho seria desastroso, já que resultaria em mais carros circulando, mais congestionamentos e, consequentemente, um aumento nas emissões de carbono por queima de combustível, como bem abordou o Inside Climate News.
ClimaInfo, 21 de julho de 2020.
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