UE: Pacote de recuperação econômica corta recursos para ação climática

UE pacote de estímulo

Líderes dos 27 países da União Europeia anunciaram ontem (21/7) um acordo em torno do pacote de estímulo para a retomada da atividade econômica do bloco depois da pandemia. Ao todo, a UE deve gastar mais de € 1,8 trilhão (cerca de R$ 11 trilhões) ao longo dos próximos sete anos, um volume de recursos inédito em medidas desse tipo em todo o mundo.

No entanto, a costura do acordo, que demorou quatro dias em Bruxelas, acabou resultando no corte de dezenas de bilhões de dólares de programas e fundos dedicados à ação climática na UE. Pela proposta aprovada pelos países, 30% de todo o pacote serão destinados para projetos e iniciativas climáticas, para apoiar a implementação das metas europeias de redução de emissões de carbono dentro do Acordo de Paris.

Em termos financeiros, esse percentual representaria quase € 550 bilhões entre 2021 e 2027 – aquém dos € 2,4 trilhões que especialistas dizem ser necessários para financiar uma transição completa da Europa para o baixo carbono, com neutralidade de emissões.

Ao mesmo tempo, o Fundo de Transição Justa da UE, tido como o principal instrumento para promoção de fontes renováveis de energia no bloco, teve seu orçamento reduzido em mais da metade, caindo para € 17,5 bilhões. Além da redução nos recursos empenhados, a UE teve que flexibilizar as condições para os países acessarem os recursos, o que beneficiou governos que insistem em promover fontes sujas de energia, como o da Polônia.

No The Guardian, a ativista jovem Greta Thunberg criticou a decisão dos governos europeus e disse que o pacote de recuperação econômica da UE é insuficiente para que o continente faça uma transição justa para o baixo carbono. “Eles ainda estão negando a realidade e ignorando o fato de que estamos enfrentando uma emergência climática”, disse Greta. “Enquanto a crise climática não for tratada como uma crise, as mudanças necessárias não acontecerão”.

A Folha fez um panorama geral dos principais pontos do pacote. Já a Reuters e o The Independent destacaram as mudanças que enfraqueceram a ação climática destes incentivos.

 

ClimaInfo, 22 de julho de 2020.

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