Pandemia e crise climática impulsionam critérios de sustentabilidade para investimentos financeiros

22 de julho de 2020

Nos últimos meses, o Brasil vem sendo pressionado pelo mercado financeiro internacional por conta dos níveis alarmantes de desmatamento e as tentativas do governo federal em enfraquecer a governança ambiental no país. Esse movimento não se limita apenas ao caso brasileiro e pode ser observado em diferentes países, especialmente após o começo da pandemia: uma preocupação maior e mais atenta a questões de responsabilidade socioambiental e sustentabilidade por parte de investidores.

Na Deutsche Welle, Bruno Lupton ressaltou como o chamado “ambientalismo financeiro” está ganhando espaço entre grandes investidores e fundos de pensão, motivado não apenas por considerações éticas, como a proteção do meio ambiente, mas também (e, em alguns casos, principalmente) por assegurar a rentabilidade e a estabilidade do investimento no longo prazo.

Esse recorte rentista tem sido fundamental para que os investidores percebessem que, no mundo da crise climática, a rentabilidade das aplicações vai depender de sua exposição a riscos de natureza ambiental e climática. Como destacou Larry Fink, presidente da BlackRock, a maior gestora de investimentos do mundo, “a consciência está se modificando rapidamente, e acredito que nós estamos prestes a reformular fundamentalmente as finanças. A evidência do risco para o clima leva os investidores a reavaliar os pressupostos básicos das modernas finanças”. O gestor de investimentos, Mark Mobius, vai na mesma linha. “Meio ambiente é muito importante e está se tornando ainda mais importante [para o mercado financeiro]”, disse em entrevista ao Estadão.

Nos Estados Unidos, grandes investidores estão se mobilizando no mesmo sentido. Na 3ª feira (21/7), um grupo de fundos de pensão encaminhou carta ao presidente do Federal Reserve, Jay Powell, pedindo que o órgão incorpore a crise climática como um risco sistêmico ao mercado financeiro do país. “A crise climática representa uma ameaça sistêmica aos mercados financeiros e à economia real, com conseqüências disruptivas significativas nas avaliações de ativos e na estabilidade econômica de nosso país”, diz a carta, assinada por mais de 30 fundos de pensão, responsáveis por cerca de US$ 1 trilhão em ativos. De seu lado, o banco Morgan Stanley anunciou nesta semana a inclusão, a partir de agora, de critérios de risco climático em suas decisões de investimento, tornando-se a 1ª instituição financeira dos EUA a fazer isso de maneira sistemática.

Enquanto isso, no Brasil, esta visão avança lentamente. Um levantamento feito pelo Itaú BBA, destacado pelo Estadão, aponta que, entre fundos de investimentos brasileiros, 20%  ainda não adota critérios de sustentabilidade em suas decisões de aplicação, ante apenas 5% de investidores internacionais que ignoram o tema.

 

ClimaInfo, 23 de julho de 2020.

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