A diferença entre metas absolutas e relativas nos planos das petroleiras

ndc petroleiras

Qual a diferença entre uma empresa prometer reduzir o total de suas emissões e outra prometer reduzir a intensidade de carbono dos seus produtos? Para o aquecimento global a diferença é grande, pois o que interessa, no final, é a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Adotar metas absolutas significa limitar explicitamente a contribuição da empresa a esse aumento de concentração. Mas quando acontece uma queda da atividade, como agora, durante a pandemia, as empresas poderiam reduzir seus esforços porque as emissões serão menores de qualquer jeito.

Metas relativas ou de intensidade expressam as emissões por unidade de produto. Os esforços das empresas têm que ser mantidos independente da conjuntura, mas, para o aquecimento global é preciso saber se a produção ou o PIB aumentaram ou não. Se aumentaram, isso pode significar que a quantidade de CO2 na atmosfera também pode ter aumentado.

Bernard Doodley, o mais recente ex-CEO da petroleira BP tinha fixado metas absolutas para a empresa. O atual CEO prefere medir o desempenho da empresa pela intensidade de emissões do petróleo e gás que extrai. E aí, as emissões da BP refletirão os esforços da empresa e a quantidade de petróleo e gás que ela produz.

Para a atmosfera, então, o que realmente importa são metas ajustáveis e cada vez mais ambiciosas associadas à atividade econômica. Só assim haverá uma chance de se limitar os danos das mudanças climáticas.

Em tempo 1: A mesma discussão vale para países. Brasil e Canadá, dentre outros, se comprometeram com metas absolutas nas suas promessas ao Acordo de Paris (NDC). Já as metas de China e Chile, por exemplo, são relativas. Veja a análise das NDCs da OCDE. Por conta da recessão, a meta canadense ficou mais fácil de ser atingida. Mas para o Brasil, menos, porque boa parte das nossas emissões vem do desmatamento e da agricultura, atividades que não se reduziram por conta da recessão.

Em tempo 2: A relevância dessa discussão desaparece, segundo a AFP, quando se vê que as petroleiras continuam investindo mais de 90% do seu capital na expansão da produção de fósseis. Isso apesar das recentes juras de amor ao futuro renovável da energia global.

 

ClimaInfo, 24 de julho de 2020.

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