Alerta dos servidores do Ibama: desmatamento pode aumentar até 72% em dois anos

23 de julho de 2020

Mais de 500 servidores de carreira do Ibama se uniram para apresentar uma manifestação técnica à presidência do órgão, na qual criticam duramente as medidas e o desempenho do governo federal no combate ao desmatamento na Amazônia. Eles alertaram que, se o ritmo de devastação continuar como o observado nos últimos meses, a floresta pode perder até 13 mil km2 de cobertura vegetal neste ano, um aumento de 28% em relação a 2019 e 72% em relação a 2018.

Os servidores destacaram o desmonte da política e das estruturas de proteção ambiental e cobraram providências das autoridades federais para conter a alta no desmatamento. “Todas as grandes ações de combate ao desmatamento da Amazônia que efetivamente resultaram na diminuição em mais de 80% dos índices de desmatamento entre 2004 e 2012, mantendo-se os níveis abaixo de 8.000 km2 até 2018, foram protagonizadas pelo Ibama”, afirmaram os servidores.

UOL, Estadão e O Globo destacaram os principais pontos do ofício.

Em tempo 1: Um levantamento da TNC feito a partir de dados do sistema PRODES, do INPE, aponta que entre 58% e 70% do desmatamento na Amazônia entre 2008 e 2019 ocorreu em propriedades rurais. Como destacou o Globo Rural, a análise identificou que imóveis com menos de 300 hectares foram responsáveis por cerca de 43% do desmatamento anual total na Amazônia, o que resultou na perda de mais de 3,7 milhões de hectares de floresta. Porém, ao considerar os mais de 730 mil pequenos imóveis rurais amazônicos, a média de área convertida por ano é de 0,4 hectare desmatado por imóvel – um desmatamento cerca de 15 vezes menor do que a média observada em 16 mil grandes imóveis rurais, com área superior a 1,1 mil hectares, e cinco vezes menor do que o registrado em 31 imóveis de porte médio, entre 220 e 1,1 mil hectares.

Em tempo 2: O professor Raoni Rajão (UFMG), principal autor do estudo The Rotten Apples of Brazil’s Agribusiness, sobre a relação entre desmatamento e produção de carne bovina e de soja no Brasil, respondeu às críticas feitas por uma consultoria à metodologia utilizada na análise. De acordo com Rajão, o cálculo do potencial de contaminação por desmatamento nas exportações de soja e carne à Europa foi realizado com base em “pressupostos conservadores”, dado o baixo nível de validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), e apenas quando identificado vínculo das propriedades cadastradas com desmatamento. O Valor deu destaque à resposta de Rajão.

 

ClimaInfo, 24 de julho de 2020.

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